Ao longo dos últimos 25 anos, o Festival de Inverno de Antonina, promovido pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), se transformou numa espécie de referência quando o tema é participação popular na construção de políticas públicas. É que desde 1991, ano da primeira edição, o festival passou por uma série de mudanças até chegar à maturidade neste aniversário. Mas não foi simples. Levou pouco mais de duas décadas para redescobrir a vocação da ação e colocar como premissa básica uma via de mão dupla entre comunidade e academia.
O projeto atual é o mais parecido com a ideia que nasceu na década de 1990, capitaneado pelo então reitor, o linguista Carlos Alberto Faraco. Segundo Deise Cristina de Lima Picanço, pró-reitora de Extensão e Cultura da UFPR, o festival nasceu com o objetivo de desenvolver o potencial da comunidade de Antonina e Litoral, onde não havia um câmpus da universidade – diferentemente de hoje. “Mas, com o tempo, ficou muito com cara de evento e entretenimento”, explica.
Território
O objetivo sempre foi fortalecer o território. Por isso, agora está nas mãos da comunidade a organização e a construção do festival. De acordo com o coordenador de Cultura da UFPR, Ronaldo Corrêa, o evento é a ponta de um curso de extensão que trabalha o ano inteiro em torno da formação de professores na região, mostrando a importância da leitura, memória e arte.
Todo mês há uma reunião com várias entidades da comunidade do Litoral, principalmente de Antonina, representantes da UFPR e moradores da região para debater os cursos e a semana do festival. “É uma experiência que nos permite pensar que é possível criar política pública com a participação da sociedade”, afirma Corrêa.
De acordo com ele, um dos diferenciais da comunidade é a motivação em participar para melhorar sua realidade.
E não se trata apenas de fortalecer a cultura, mas também a economia da região. Há uma série de oficinas com atividades integradas. Entre elas, está a de culinária caiçara.
“O plano é valorizar o produtor e comerciantes locais. Essas oficinas já geraram uma série de ações práticas que prepararam as pessoas. Hoje há produto e atendimento diferenciados”, comenta Deise.
Na execução de todo esse processo, trabalham 45 servidores da UFPR. Outras 40 pessoas estão envolvidas na organização dos projetos e 470 participarão das apresentações artísticas.
“Hoje é uma ação madura. Tudo pensado em assembleia. Esse processo colaborativo faz com que o festival possa se repensar para mais 25 anos”, comemora Corrêa.