Um rapaz bate à porta de algum integrante de pastoral, atuante em uma paróquia curitibana. Diz que é seminarista e foi enviado pelo pároco para vender uma coleção de DVDs de histórias bíblicas. O preço é um pouco salgado, mas vários outros paroquianos já contribuíram e o seminarista ainda ganhará com a venda pontos para uma bolsa de estudo. Colaborar seria uma atitude até nobre, se não se tratasse de um golpe aplicado em um bairro de Curitiba.

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No começo do mês, a história dos DVDs chegou aos ouvidos do padre Adenis de Oliveira, da Paróquia São Marcos, no bairro Pilarzinho. "Essas pessoas abordavam lideranças da paróquia, sabiam até o nome delas, e diziam que eu as havia mandado lá", conta, acrescentando que não deu autorização a ninguém para vender produtos de porta em porta. Os golpistas ainda mostravam uma lista com nomes reais de outros membros de pastorais ou movimentos que já teriam comprado a coleção de cinco discos por quase R$ 200.

Assim que soube dos vendedores, o pároco fez o alerta na missa e avisou a arquidiocese, que repassou a advertência para todos os padres. Ninguém mais recebeu a visita dos supostos seminaristas que, em outras ocasiões, se apresentavam simplesmente como vendedores autorizados pelo padre. Mas, para alguns paroquianos, foi tarde demais. "Uns cinco ou seis compraram os DVDs, mas houve casos em que foi possível sustar o cheque", diz.

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A empresa que os falsos seminaristas dizem representar, chamada Globo Vídeo e Multimídia, realmente existe, com sede em Querência do Norte, mas tem endereço diferente do apresentado no material de divulgação dos DVDs – que, aliás, são de qualidade duvidosa, segundo o pároco. "Provavelmente são pirateados", completa.

O padre Fabiano Dias Pinto, que assume a reitoria do Seminário Arquidiocesano São José no próximo sábado, diz que a prática de vender produtos não existe nos seminários de Curitiba. "Em outras dioceses, ou congregações, os seminaristas podem vender doces ou CDs para colaborar na manutenção da casa, mas fazem isso com cartas de autorização ou depois das missas. As pessoas gostam de ajudar e acabam vítimas da má-fé de outros", esclarece.

Os sacerdotes dão uma dica para quem receber uma visita no portão de casa: se a pessoa disser que é seminarista ou foi enviada pelo pároco, telefone para o seminário (basta pedir o número do telefone para o visitante) ou para a secretaria da paróquia a fim de verificar a informação. "É verdade que precisamos de contribuições, mas quem deseja ajudar pode colaborar diretamente com o seminário", afirma padre Fabiano.