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Camila Nichetti, estudante de Jornalismo da Unibrasil, optou pelo Fies, principalmente, pelos juros mais baixos | Antônio More/ Gazeta do Povo
Camila Nichetti, estudante de Jornalismo da Unibrasil, optou pelo Fies, principalmente, pelos juros mais baixos| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Oportunidade

Taxas mais baixas e condições facilitadas incentivam adesões

Com os juros mais baixos e facilidades para solicitação do Fies, mais alunos têm aderido ao sistema. Para o aluno do sexto período de Engenharia de Produção da PUCPR Lucas Franczak, sem o benefício seria muito difícil cursar a graduação. Ele já havia iniciado um curso de Engenharia de Alimentos, pela Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc), mas largou no primeiro ano para tentar uma nova carreira.

Além do custo da mensalidade, Franczak ainda precisa arcar com as despesas de morar sozinho, já que a família ficou em Irati, no interior do estado. Como o jovem não se enquadra no ProUni, porque cursou um ano do ensino médio em escola particular, restou o Fies.

A taxa de juros menor também foi um atrativo. O professor de Matemática Financeira nos MBAs da Estação Business School Antonio Carlos Bellio fez uma simulação de financiamento de 100% da mensalidade de um curso de Engenharia da Produção, para um aluno que ingressasse em 2014, com mensalidade estimada em R$ 1,3 mil.

Com a atual taxa de juros, de 3,4% ao ano, o total a pagar será de R$ 89.765,04. O valor é 28% menor que um aluno pagaria com a taxa de juros de 6,5% ao ano. Nesse caso, o valor a ser financiado seria de R$ 124.696,30.

A aluna do quinto período de Jornalismo da UniBrasil Camila Nichetti também não conseguiria uma bolsa integral pelo ProUni, então optou pelo Fies. "Vi o financiamento próprio da universidade, mas em razão dos juros o que mais renderia era o Fies", diz.

Os dois estudantes consideram o sistema simples: solicitar o benefício não foi tão trabalhoso e é fácil ficar atento para as renovações semestrais de contrato. As contrapartidas que o programa exige – como não pegar dependências e manter rendimento de 75% no curso – são mais polêmicas. Em cursos que exigem mais, como os de Engenharia, há aqueles que falham e ficam sem Fies.

Perfil

Mulher branca, que cursou o ensino médio em escola pública e com renda familiar bruta entre três e cinco salários mínimos. Esse é o perfil médio dos estudantes que recorrem ao Fies. Ainda de acordo com os dados do fundo, pardos (37,9%) e negros (10,8%) aparecem na sequência, entre os maiores beneficiados.

O número de contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), criado em 1999, vem crescendo em ritmo acelerado nos últimos quatro anos. Desde 2010, quando o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) assumiu a função de agente operador do sistema, são 1,5 milhão de novos contratos firmados por alunos que precisam do financiamento para cursar o ensino superior em todo o país. No Paraná, 83,6 mil contratos estão em andamento.

INFOGRÁFICO: Confira a evolução do número de contratos do Fies

Entre 2010 e 2013, o número de novos contratos aumentou 7,3 vezes no Brasil, passando de 76,1 mil para 559,8 mil. Em 2014, até abril, foram assinados mais 366,6 mil contratos de financiamento. No Paraná, o crescimento nesse período foi um pouco menor, de 4,3 vezes. Em 2010, eram 5,8 mil contratos e no ano passado foram 25,6 mil. Em 2014, foram aceitos 22,7 mil pedidos de financiamento.

Esse momento de "boom" nos contratos de financiamento também coincidiu com a publicação de uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN), que em março de 2010 fixou a taxa de juros do programa em 3,4% ao ano. Na época, isso representou uma queda de três pontos porcentuais na taxa de juros, o que tornou o benefício ainda mais interessante para os estudantes (leia mais nesta página). Além disso, as facilidades de contratação, como poder fazer a solicitação do benefício em qualquer período do ano, também foram determinantes para o crescimento na procura pelo Fies.

Universidades particulares com sede em Curitiba que foram consultadas pela reportagem também registram esse crescimento no interesse pelo Fies. O financiamento ainda é o benefício mais procurado pelos estudantes, seguido do ProUni e, por fim, dos programas próprios de financiamento das universidades, que muitas vezes podem ser economicamente mais vantajosos, mas exigem uma capacidade financeira maior do aluno enquanto cursa a faculdade.

"A procura pelo Fies tem aumentado ao longo dos anos, sendo que de 2013 para 2014 houve um crescimento na adesão de 32%, especialmente, pela facilidade de acesso e incentivo do governo federal com a redução da taxa de juros", diz o diretor administrativo financeiro e de infraestrutura da UniBrasil, Eraldo Luiz Silvestrin. Na instituição, 76% dos alunos com algum tipo de auxílio financeiro para cursar a graduação estão incluídos no Fies.

Essa adesão ao Fies também se repete na PUCPR, onde 78% dos alunos com financiamento estudantil procuram pelo programa. A coordenadora de bolsas e financiamentos da instituição, Daniele Ribaski, explica que as universidades que aderem ao Fies podem fazê-lo com ou sem limitação orçamentária. No caso da PUCPR, a adesão é com limitação orçamentária, o que significa que há um limite para os financiamentos.

De acordo com a FNDE, ainda não há muita informação sobre inadimplência, já que a maioria dos contratos ainda não está na fase de amortização.

Instituições apostam também em financiamento próprio

Quem não se encaixa no ProUni ou não consegue o Fies pode recorrer aos financiamentos próprios das universidades. Na UniBrasil, os alunos podem aderir ao Estude, que financia de 25% a 50% da semestralidade de todos os cursos da instituição.

Para entrar no programa, o candidato não pode ter participado nem ter sido excluído dos programas de financiamentos patrocinados pelo governo federal. Além disso, existe um limite de vagas no programa, destinado apenas aos calouros.

Já na PUCPR, o crédito educacional é um tipo de fundo solidário, em que um egresso que se beneficiou do programa ajuda a custear a formação de um novo aluno. Podem ser financiados entre 25% e 50% do valor da mensalidade. Para participar, é preciso ter rendimento mínimo de duas vezes o valor da mensalidade, pelo menos um imóvel cadastrado e fiador.

Positivo

Na Universidade Positivo, 250 alunos têm acesso ao benefício por ano. Durante o curso, eles pagam metade do valor da mensalidade. O restante é quitado após a conclusão do curso e o número de parcelas é igual ao de mensalidades financiadas.

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