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Fila para consulta de ortopedia em Curitiba tem 19 mil pessoas

Zélia da Silva, 54 anos, vive rotina de dores e dificuldade de locomoção há oito anos. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Zélia da Silva, 54 anos, vive rotina de dores e dificuldade de locomoção há oito anos. (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

A fila de espera para consultas com ortopedistas na saúde pública de Curitiba chega a 19 mil pessoas. Alguns desses pacientes aguardam atendimento com um especialista desde 2012. A assistência a vítimas de torções, dores na coluna ou traumas ósseos é considerada um dos principais gargalos do sistema público de saúde de todo estado e a situação não é diferente na capital.

A diretora do Departamento de Redes de Atenção à Saúde, da secretaria de Curitiba, Carmen Moura dos Santos, explica que até meados de 2014 o número de pacientes na fila de espera para a consulta era de 27 mil. Após uma reanálise da situação de cada um, ainda restaram 10 mil pessoas esperando consulta com um médico ortopedista. De 2014 para cá, mais nove mil pessoas ingressaram na fila – totalizando 19 mil indivíduos.

Carmen explica que para reavaliar a situação de quem estava na fila antes de 2014 foram realizados procedimentos ao longo destes anos definidos por ela como “qualificação do encaminhamento” para reavaliar a situação desses pacientes. Essa medida foi adotada após orientação do Ministério Público do Paraná, que também apontou no ano passado falta de especialistas e de insumos, como próteses. Ao todo, o MP-PR tem três procedimentos coletivos em andamento para averiguar tanto a demora para consultas quanto para cirurgias. Além de 21 procedimentos que tratam de problemas particulares.

Segundo Carmen, a requalificação das filas significa realizar ações para priorizar soluções no atendimento da saúde básica. “Antes a pessoa tinha uma dor nas costas e já era encaminhada para um especialista. Hoje, a equipe médica, com ajuda de um fisioterapeuta, tenta atender o paciente na unidade básica, no atendimento primário”, afirma.

Essa medida diminuiu, de acordo com Carmen, em quase 30% o número mensal de entradas de pacientes que precisavam de um ortopedista, passando de 780 pessoas em 2013 para 450 atualmente. Para quem ingressou na fila a partir de 2014, segundo ela, o tempo de espera para a consulta gira em torno de seis meses.

A capital do Paraná conta atualmente com 10 prestadores de serviço do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesses estabelecimentos são realizadas cerca de 14 mil consultas por mês com ortopedistas. “Estamos sempre reavaliando os [casos] mais antigos”, diz a diretora.

Cenário pior

O membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia no Paraná (SBOT-PR), Renato Raad, aponta que em médio prazo será muito difícil que a procura por especialistas da área diminua. Segundo ele, os médicos e hospitais que atendem essa demanda trabalham “a todo vapor”. “Mas a demanda é muito grande. Esse é um desafio da saúde pública. Não tem solução mágica”, afirma.

Apesar de considerar que é necessário aprimorar o atendimento na saúde básica, com o objetivo de reduzir o número de encaminhamentos a especialistas, Raad prevê um cenário pior para os próximos anos.

Segundo ele, a tendência é de que a procura aumente ainda mais ao longo do tempo. “O envelhecimento da população tende a gerar mais problemas ortopédicos”, explica. De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Paraná 8,5% da população atual é considerada idosa, com mais de 65 anos. Em 2030, esse índice deve chegar a 15%.

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