Renata Senna, filha do milionário da Mega-Sena Renné Senna, morto em 2007 em Rio Bonito, na Baixada Litorânea do Rio, entrou com um processo de indignidade para que a viúva Adriana Almeida, acusada de ser a mandante do crime, perca o direito sobre a herança. Adriana foi citada na tarde de quarta-feira (2), quando esteve no Fórum de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, para depor em um outro processo, em que é acusada de falsidade ideológica.
"Tínhamos um prazo de quatro anos para entrar com essa ação e esperamos até o último momento. Se for comprovada a indignidade, ela perde os direitos do testamento e a parte dela passa para a outra beneficiada, que é a Renata (Senna, filha de Renné)", explica o advogado Marcus Rangoni, que defende Renata.
A defesa da viúva alega que vai entrar com um pedido para arquivar o processo por acreditar que ele está fora de prazo. "Ele deu entrada no processo antes, mas ela só foi citada depois de quatro anos da morte dele", rebate o advogado de Adriana, Jackson Costa. "Para que ela seja considerada indigna, ela tem que ser condenada criminalmente antes. Na pior das hipóteses, se a Justiça não arquivar, pelo menos tem que suspender a ação até o veredicto na questão criminal", completa.
Falsidade ideológica
No processo de falsidade ideológica, Adriana é acusada de omitir sua relação com Renné na compra de uma cobertura em Arraial do Cabo. Na audiência, ela disse que ganhou o apartamento de presente.
Segundo Rangoni, depois que ela declarou, em cartório, ser divorciada, o funcionário afirmou, em depoimento, ter perguntado sobre eventual união estável e ela manteve a resposta. Já o advogado da viúva afirma que a vendedora do imóvel, presente no momento de lavrar a escritura, diz que Adriana foi questionada apenas sobre seu estado civil.
O caso teve início em 2007, quando Adriana comprou uma cobertura em Arraial do Cabo, quatro dias antes do assassinato do marido. No processo criminal, testemunhas afirmam que a descoberta da transação foi um dos motivos de uma briga no casal, que chegou a fazer a viúva sair de casa.
Na época do assassinato, o delegado Ademir Oliveira, da 119ª DP (Rio Bonito) disse que a cobertura custou R$ 300 mil e foi paga com três cheques de R$ 100 mil, de uma conta conjunta de Adriana e Renné. Segundo Oliveira, a divisão seria para não alertar a gerência do banco, que poderia requisitar a concordância de ambos titulares da conta para o desembolso.Como foi o crime da Mega-Sena
Renné Senna, ex-trabalhador rural, ganhou R$ 52 milhões em um sorteio da Mega-Sena em 2005. De acordo com as investigações, Adriana Almeida, viúva do milionário, seria a mandante do assassinato e teria contratado ex-seguranças para matar o marido. Renné foi assassinado a tiros em 7 de janeiro de 2007 na porta de um bar em Rio Bonito.
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