Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Caso mexicano

Filho de procurador é demitido pela polícia

O governador Roberto Requião assinou nesta sexta-feira (30) a demissão do investigador Ricardo Abilhôa do quadro da Polícia Civil do Paraná. Ricardo é filho do procurador de justiça e ex-coordenador da Procuradoria de Investigações Criminais (PIC), Dartagnan Cadilhe Abilhôa, e está foragido da justiça. A demissão de Ricardo teria sido proposta pelo Conselho da Polícia Civil, em dezembro de 2006. O investigador responde na Corregedoria da Polícia a processos por concussão (extorsão cometida por funcionário público).

A demissão de Ricardo, coincidentemente, foi assinada no mesmo dia em que a 2.ª Vara Criminal Federal de Curitiba divulgou mais uma condenação do traficante mexicano, naturalizado brasileiro, Lúcio Rueda Bustos. Desta vez, o "mexicano", como Bustos é conhecido, foi sentenciado a quatro anos e quatro meses de reclusão "por ter corrompido policiais civis do estado do Paraná", como relata a sentença.

Os policiais civis citados são Ricardo Abilhôa, que continua foragido, e o ex-policial civil Carlos Eduardo Carneiro Garcia, preso no dia 16 de agosto de 2006, em Curitiba. Ricardo responde ao mesmo processo em que Garcia foi condenado a oito anos e 11 meses de prisão e ao pagamento de 510 salários-mínimos pelos crimes de corrupção passiva, usurpação de função pública e lavagem de dinheiro. Mas como Ricardo está foragido, o processo dele ainda não foi julgado. A decisão do juiz ainda cabe recurso.

Cartel de Juarez

Na sentença, o juiz reconheceu que Garcia e um outro policial civil do Paraná, que seria Ricardo, extorquiram o traficante em US$ 1 milhão de dólares, valor este pago aos policiais, para que não revelassem às autoridade o verdadeiro nome do mexicano e o passado criminoso. A 2.ª Vara de Curitiba, na semana passada, desvendou esse passado. De acordo com a sentença, o mexicano foi integrante do Cartel de Juarez, organização criminosa do México dedicada ao tráfico de entorpecentes e que foi comandada pelo conhecido traficante Amado Carrillo Fuentes. Bustos veio ao Brasil por volta do ano 2000, adotando a identidade falsa de Ernesto Plascência San Vicente, e realizando amplos investimentos com recursos provenientes de suas atividades criminosas. O traficante foi condenado às penas de dez anos e seis meses de prisão, multa de R$ 280 mil e os bens no Brasil confiscados.

A extorsão

Embora a sentença não detalhe a extorsão, investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, apontam para as dependências da PIC de Curitiba o local da extorsão. Garcia e Ricardo Abilhôa teriam prendido o mexicano quando o traficante participava de um velório, no cemitério no bairro Água Verde, em Curitiba.

Os dois teriam levado o traficante para a PIC, na época coordenada pelo pai de Ricardo, o procurador Dartagnan Abilhôa. Numa das salas da PIC, os policiais teriam pedido U$S 1 milhão de dólares ao mexicano. O traficante foi solto no mesmo dia que foi preso e mais tarde, no dia 20 de julho do ano passado, preso pela Polícia Federal em São Paulo.

Defesa

Procurado pela reportagem, o advogado Cláudio Dalledone Júnior, que defende os policiais neste caso, disse não ter ciência tanto da demissão, quanto da condenação de Garcia. "É mais uma mostra da perseguição que a família Abilhoa sofre da Secretaria de Segurança Pública do Paraná", disse. "A imprensa sabe antes do advogado de defesa. Agora vou me interar do caso para definir os próximos passos", completou, dando a entender que deve recorrer da decisão que condenou Garcia.

A assessoria da secretaria estadual de Segurança não foi encontrada pela reportagem para comentar as declarações do advogado sobre a "perseguição à família Abilhoa".

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.