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| Foto: Raul Santana/Fiocruz Imagens

O Brasil acompanhará as crianças que não nasceram com microcefalia, mas tiveram suas mães infectadas pelo vírus zika durante a gestação. A ação foi anunciada na abertura 69.ª Assembleia Mundial da Saúde. Serão monitorados os casos notificados no sistema de vigilância, mas descartados para microcefalia. O objetivo é verificar se existem outras consequências da infecção pelo vírus.

Fiocruz identifica Aedes naturalmente infectado pelo zika

AFP

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) encontraram pela primeira vez no Brasil exemplares do Aedes aegypti naturalmente infectados com o zika - uma “identificação inédita”, que reforça que esse mosquito é a principal via de transmissão do vírus no país.

O estudo foi realizado com mosquitos coletados em três bairros da cidade do Rio de Janeiro com casos notificados de zika. Durante 10 meses, os pesquisadores examinaram 1.500 mosquitos de diversas espécies, e encontraram a presença do vírus em três conjuntos de Aedes aegypti. Entre os mosquitos capturados, nenhuma outra espécie estava infectada.

Até o momento, só se conhecia um grupo de mosquitos “naturalmente infectados” pelo zika vírus em todo o continente americano, o Aedes albopictus, segundo uma publicação recente do Ministério da Saúde do México.

O chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC, Ricardo Lourenço, líder do estudo, explicou que para determinar que a transmissão de uma doença é feita por um tipo de inseto, é necessário identificar primeiro o aparecimento desta espécie naturalmente infectada sobre o terreno e depois provar que esse vetor é capaz de transmitir o vírus.

Para Lourenço, fatores como o comportamento, a distribuição e a densidade populacional do Aedes nas regiões brasileiras podem ter contribuído para a rápida propagação do zika.

A Fiocruz desenvolve atualmente uma vacina contra o vírus, que também pode causar problemas neurológicos como a síndrome de Guillain-Barré.

“Oferecemos atenção integral às crianças com microcefalia e vamos acompanhar as crianças cujas mães apresentaram infecção pelo zika durante a gestação, inclusive as que não apresentam microcefalia, para detectar o surgimento de complicações neurológicas, oculares ou auditivas, disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR).

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Segundo o ministro, o próximo passo é definir quais instituições vão oferecer o acompanhamento para identificar se o vírus zika pode estar relacionado a outras consequências no desenvolvimento das crianças.

Inicialmente, o Brasil deve contar com a participação da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS).

“Reconhecemos o papel desempenhado pela Opas e pela OMS nas ações conjuntas com o Brasil na resposta ao vírus zika, emergência de saúde pública que já está presente em 60 países, expondo 1,3 bilhão de pessoas à doença, dos quais 15% são brasileiros. Nos próximos dias teremos oportunidades de debater e seguir compartilhando as informações sobre a resposta a essa emergência”, afirmou Barros.

Ministro procura tranquilizar países sobre os Jogos Olímpicos Rio-2016

O ministro citou ainda as ações implementadas visando a combater Aedes aegypti, mosquito transmissor de zika, dengue e chicungunha. Barros também procurou tranquilizar os representantes dos demais países no que diz respeito às medidas de segurança na área da saúde a serem executadas nas Olimpíadas.

“Tomamos medidas específicas de controle vetorial que me permite reafirmar que os Jogos Olímpicos transcorrerão de maneira segura para a família olímpica e todos os visitantes”, afirmou o ministro.

A assembleia, realizada anualmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), reúne 194 países-membros e tem como objetivo estabelecer metas conjuntas, diretrizes e acordos nas mais variadas áreas da saúde. Além do evento principal, contará com reuniões bilaterais e multilaterais, bem como encontros paralelos.

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