Fim do mundo é em Alto Paraíso

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Anunciaram que o mundo ia se acabar...mas que Alto Paraíso iria se salvar. A cidade goiana espera receber 10 mil pessoas no próximo dia 21 de dezembro, data que, de acordo com o calendário maia, encerra um ciclo de 5.125 anos e marca o fim do mundo. Lá, só se fala nisso. Não é à toa. Cético ou crédulo, difícil é encontrar algum morador alheio ao assunto. A crença de que a localização da cidade pode protegê-la do apocalipse fez as vendas de terrenos explodir este ano.

As reservas nas pousadas para a próxima sexta-feira estão esgotadas. Com medo de desabastecimento, a prefeitura orientou a população a estocar comida. Até os que não dão bola para a previsão temem que, pelo menos em Alto Paraíso, o mundo acabe de verdade.

Cortada pelo paralelo 14, que também atravessa Machu Picchu, no Peru, Alto Paraíso, com 7 mil habitantes, fica sobre uma placa de quartzo, de quatro mil metros quadrados, cercada por rochas e paredões. Os místicos acreditam que a força dos cristais protege a cidade de qualquer Armagedom. A dúvida é o quanto poderá protegê-la da horda de turistas. "Algumas pousadas estão contratando gerador de energia", explica o corretor imobiliário Nilton Kalunga. Outra medida é o estoque de comida. O arquiteto alemão Alexander Potratz, que desde 1976 adota o nome Satya, tem um balde de feijão no porão: "se o mundo não acabar, eu revendo e ganho em cima. Só não quero ser pego desprevenido," brinca Potratz.

A secretária de Turismo de Alto Paraíso, Fernanda Inês Montes, de 23 anos e piercing no nariz, diz que ruas serão interditadas para impedir o grande fluxo de carros. Hospitais próximos foram avisados para reforçar o plantão. O batalhão de polícia deverá aumentar o efetivo. Efeitos do fim do mundo.