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São Paulo – Fontes da aeronáutica confirmaram que o controlador da torre de controle de tráfego aéreo de São José dos Campos (SP) autorizou o jato Legacy, que veio a se chocar com o Boeing da Gol, matando 154 pessoas, a voar na altitude errada de 37 mil pés até o aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus. Segundo a Força Aérea, essa autorização está gravada nas fitas da própria torre, que dá o "clearance" (autorização) para a decolagem dos aviões, e não na caixa-preta do Legacy, que era pilotado pelos americanos Joe Lepore e Jan Paladino.

Pela fita da torre, que está em poder do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, (Cenipa), o controlador foi específico na sua conversa em inglês com os pilotos do jatinho, ao falar em 37 mil pés até Manaus, apesar de o plano de vôo prever três alturas diferentes.

A partir da fala do controlador, Lepore e Paladino acionaram o piloto automático e seguiram sempre na mesma altura, na qual bateram com o Boeing da Gol, que vinha de Manaus em sentido contrário.

Pelo plano de vôo original, eles deveriam sair em 37 mil pés, passar para 36 mil a partir de Brasília e, já sobre Mato Grosso, a 480 km de Brasília, subir para 38 mil.

Em entrevista na manhã de ontem, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, não confirmou e nem desmentiu a informação.

Ele observou, porém, que, se houve erro da torre, ele não justificaria, isoladamente, o choque das aeronaves. "O piloto, quando perde a comunicação, deve seguir o plano de vôo." Bueno evitou relacionar a redução da atividade dos controladores de tráfego aéreo em Brasília a uma eventual culpa de colegas no acidente. "Não acredito que essa operação seja desencadeada com o objetivo de disfarçar alguma coisa."

O americano Joe Lepore, piloto do Legacy da ExcelAire que se chocou com o Boeing da Gol, afirmou em seus depoimentos à polícia e à Aeronáutica que foi autorizado pela torre de controle de vôo de São José dos Campos a voar a 37 mil pés de altitude.

De acordo com uma fonte que acompanhou alguns dos depoimentos de Lepore – e que pediu para não ter o nome revelado – , o piloto manifestou surpresa quando questionado por que o Legacy voava em rota de colisão com a aeronave da Gol, apesar de o plano de vôo original determinar que o jato executivo deveria baixar a 36 mil pés ao passar por Brasília.

O plano de vôo é um documento feito pelo próprio piloto ou então por um profissional chamado despachante operacional de vôo. Para Lepore, não havia motivos para desobedecer a orientação recebida do controle de São José dos Campos.

Segundo um piloto aposentado especialista em segurança de vôo, Lepore agiu corretamente ao respeitar a orientação dada pela torre de controle.

Os aviões que partem de São José dos Campos têm seus planos de vôo analisados pelo Centro de Controle de Área de Brasília, que os aprova ou não.

Ele é devolvido à torre de São José, que apenas repassa a autorização de decolagem ao piloto, além de informar possíveis alterações, como na altitude. Isso significa que o erro pode ter origem em Brasília.

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