Reformas urgentes não saem do papel por falta de verba
Não bastassem os problemas com segurança, a estrutura de embarque e desembarque do quarto aeroporto mais movimentado do Sul do país sofre com a falta de previsão orçamentária para as reformas necessárias. Existe um projeto encabeçado pela prefeitura de Foz do Iguaçu e a superintendência local da Infraero, elaborado em 2005, que prevê um investimento inicial de R$ 17 milhões para fazer algumas melhorias. Mas não há verba para tirá-lo do papel.
Cidade pode se tornar ponto de conexão
A readequação da malha aérea brasileira, a fim de desafogar os principais aeroportos do país, pode beneficiar o Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu. Um projeto formulado pela Universidade Estadual do Oeste (Unioeste) e o Conselho Municipal de Turismo (Comtur), que está sendo analisado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), prevê ao terminal o status de ponto de conexão.
Foz do Iguaçu Nos últimos 60 dias, oito pessoas foram presas no Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu ao tentarem embarcar com drogas para São Paulo, e de lá, para a Europa. No total, 22,4 quilos de maconha e 10,6 quilos de cocaína foram encontrados camuflados em malas ou escondidos nos corpos dos passageiros. Seis eram paraguaios e dois, brasileiros. Todos foram detidos por tráfico internacional de entorpecentes.
Pode parecer contraditório, mas para o delegado do Departamento de Imigração da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, Geraldo Eustáquio, os flagrantes revelam a fragilidade da estrutura de policiamento no aeroporto local. A cidade divide os títulos de segundo destino mais procurado por estrangeiros no Brasil e o de principal porta de entrada de drogas e contrabando do país. Apesar disso, o fluxo de passageiros no aeroporto é controlado por um único policial federal, encarregado de cuidar dos serviços de imigração. Ou seja, um número muito maior de entorpecentes pode estar passando pelo aeroporto sem que ninguém perceba. "Não existe equipe de um. Isso torna o sistema muito frágil. Enquanto o número de policiais e fiscais permanecer reduzido, os problemas vão se repetir", afirma.
No ano passado, dos cerca de 735 mil passageiros que o aeroporto recebeu, apenas 6,5 mil eram estrangeiros que chegaram à cidade em aviões fretados, duas ou três vezes por semana, vindos da Argentina, Chile e Uruguai. "O efetivo é designado para atuar na imigração e apenas ajuda na identificação de suspeitos. Quando há intervenção do policial federal é para impedir que armas entrem nas aeronaves, como determinam as novas regras de segurança para aeroportos", diz Eustáquio.
Por conta disso, a fiscalização eletrônica torna-se uma aliada na vigilância da PF. Dois equipamentos de raio X um no check-in e outro na sala de embarque ajudam na vistoria das bagagens. Em caso de conteúdo suspeito, os funcionários chamam o policial federal, que revista o passageiro e as malas.
Além da falta de efetivo, há outras brechas apontadas pelo delegado Eustáquio. O terminal de cargas pode ser outro ponto de passagem de drogas, armas e contrabando, já que é um ambiente vistoriado somente em casos de suspeita. No início do mês, um funcionário de uma companhia aérea foi flagrado facilitando o embarque de mercadorias contrabandeadas do Paraguai.
A divisão de trabalho estabelecida nos principais aeroportos do país é outro ponto criticado por Eustáquio. O controle das bagagens, a fim de identificar mercadorias contrabandeadas ou proibidas, é feito por fiscais da Receita Federal e funcionários terceirizados que prestam serviços à Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária). Para o delegado, o ideal seria que a Polícia Federal supervisionasse efetivamente a vistoria de bagagens, já que têm treinamento para identificar suspeitos e substâncias tóxicas.
Mesmo sem vôos internacionais regulares suspensos há dois anos, o aeroporto de Foz exige mais atenção das autoridades, na opinião do policial, em razão da localização, por ser um terminal de fronteira.
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