Começa florada das Cerejeiras em Curitiba| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Cerejeira não é Ipê

É comum em Curitiba as pessoas terem dificuldade em distinguir a cerejeira do ipê roxo e do jacarandá rosa.

Mesmo a olho nu, uma contemplação mais atenta pode evidenciar as diferenças entre a Cerejeira e outras árvores semelhantes, como o ipê roxo e o jacarandá rosa. O professor de botânica de bioética da PUCPR Luiz Antônio Acra ressalta alguns detalhes que podem ajudar a não confundi-las mais:

FloresA estrutura das flores é diferente. Na cerejeira, as flores são mais abertas e não costumam ser muito grandes. No ipê, as flores são longas e dispostas em cachos maiores e mais compactos. As flores do Jacarandá, que também são longas, têm um tom diferenciado, com uma cor quase púrpura.

FolhasA folha da cerejeira é simples, muito semelhante a do pessegueiro. A folha do jacarandá já é pequena e composta, ou seja, formada de várias outras folhinhas pequenas. A folha do ipê, por sua vez, é maior. Geralmente um galho de ipê é formado por aproximadamente seis folhas de margens serradas

Onde ver

Quem quiser ver a floração das cerejeiras em Curitiba pode ir ao Jardim Botânico, à Praça do Japão e ao Parque Tanguá, entre outros locais, mas é bom se apressar pois as flores já estão caindo.

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Mostre você também as suas fotos das cerejeiras ou outras árvores floridas. É só entrar neste link da Galeria dos Leitores.

Neste link você também pode ver as fotos enviadas pelos leitores. E já há muitas por lá. Confira.

Cerejeiras chamam atenção das pessoas na Praça do Japão
Cerejeiras se destacam na praça do Japão, em Curitiba
Árvores floridas mudam as cores da Praça do Japão
Cor das flores contrasta com arquitetura dos prédios da cidade
Flores ficam cerca de quinze dias nas árvores
O Jardim Botânico de Curitiba tem um caminho de cerejeiras, muito apreciado por turistas e visitantes
Detalhe das flores da cerejeira
As flores da cerejeira chamam a atenção das pessoas
Um passio cor-de-rosa no Jardim Botânico
As cerejeiras emolduram turistas no Jardim Botânico em Curitiba
As flores da cerejeira duram, em média, 15 dias e depois caem
A coloração do ipê roxo pode confundir com a cerejeira, mas a árvore é mais alta e as flores são diferentes
Detalhe das flores do ipê roxo, mais longas e compactas do que as da cerejeira
As folhas que caem no chão, apesar de belas, podem irritar alguns vizinhos da árvore
Tucano-de-bico-verde pousado na cerejeira iniciando sua florada
Pássaro conhecido como guaxe na cerejeira em flor
Cerejeiras em Apucarana - no jardim dos japoneses
Sakura no hana
A primeira da estação na Praça do Japão

Florada das Cerejeiras

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Nesta época do ano, o cinza do céu de inverno é contrastado pelo cor-de-rosa característico de algumas árvores. Mas aproveite para contemplar, pois algumas das flores não duram mais do que duas semanas

Reza a lenda que a flor de cerejeira – chamada de sakura pelos japoneses – surgiu da queda de uma princesa no Monte Fuji, a mais alta montanha do arquipélago do Japão. Ao cair, ela foi amparada pela árvore, transformando-se na vistosa flor que andou meio mundo e agora se espalha por muitas praças e ruas de Curitiba nesta época do ano.

E que de tão formosa consegue até mesmo tornar menos soturnos os dias prolongadamente cinzas que tomam conta da capital neste período. Se por um lado a chegada do tempo frio entre o fim de junho e início de julho deixa muita gente desalentada, por outro ele anuncia o início de uma das mais sublimes floradas da cidade. É quando o céu brusco de Curitiba perde importância, já que o que vale mesmo é prestar atenção no magenta vivo que evidencia as flores de cerejeira.

E não são poucas as árvores desta espécie que incrementam o cartão postal curitibano. Isso porque o clima do Sul do Brasil é propício para o cultivo da planta, que ganha ainda mais condições com os cuidados dos imigrantes e descendentes japoneses que ajudaram a colonizar a cidade.

"A flor Sakura é um símbolo nacional do Japão e nós não temos como deixá-la de lado. Precisamos e gostamos de cultivar esta árvore para manter a nossa cultura", conta Rosa Osaki, vice-presidente da Associação Cultural e Beneficente Nipo-Brasileira de Curitiba (Nikkei) de Curitiba.

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Rústica, a cerejeira exige poucos cuidados para mantê-la, afirma Luiz Antônio Acra, professor de botânica de bioética da PUCPR. O fato ajuda a explicar porque mesmo longe de suas terras originárias, na Ásia, a planta se deu tão bem nas regiões paranaenses. "Aqui [PR] há uma proximidade com o clima de onde estas plantas vieram. E neste caso a queda de temperatura é fator muito importante para induzir a floração da cerejeira. Provavelmente ela não conseguiria ser cultivada em outras regiões, como o Norte e Nordeste, onde as plantas têm outros fatores de sobrevivência que não as temperaturas menores", detalha o professor.

Sem frutos

Apesar da adaptação, diferentemente das cerejeiras japonesas, as árvores daqui não chegam a produzir o fruto característico da espécie. O "desfalque" pode ser explicado por vários fatores, entre eles a inexistência de polinização adequada.

Mesmo sem as cerejas, a árvore não perde a majestade assim tão simples. Fácil de ser encontradas em viveiros e floriculturas da cidade, as mudas da planta pedem um espaço condizente para crescer sem problemas. Plantá-las em lugar onde o Sol chega facilmente é indicado. Fora isso, podas comuns de vez em quando. Algum carinho também serve.

É importante ressaltar que não é qualquer jardim que tem estrutura para abrigar uma cerejeira. "Ela desenvolve um caule relativamente longo, entre 1 metro e meio e dois metros, e pode atingir de quatro a cinco metros, com uma copa larga que geralmente fornece bastante sombra. Mas é importante saber que no inverno ela perde bastante folha, o que pode incomodar algumas pessoas", ressalta Acra.

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Incômodos à parte, a "injustiça" da natureza para com a sakura é conceder a ela tão pouco tempo de vida. Em no máximo 15 dias as flores da cerejeira desabrocham, vivem e morrem. Uma contemplação efêmera, mas sem perder a complexidade e o encanto. Como a vida da gente.