Um norte-americano foragido da Justiça dos Estados Unidos e procurado há mais de dez anos, acusado de assassinato, foi preso na noite de quinta-feira (7) em Curitiba. Leonard Ray Harper Jr., de 39 anos, foi detido depois de comparecer sem documentos à Promotoria de Justiça das Comunidades, do Ministério Público (MP-PR), para realizar a averiguação de paternidade de uma menina de quatro anos.
Harper é acusado de matar a tiros, em agosto de 1997, Jerry Permenter, na cidade de San Antonio, no estado do Texas. Segundo o site do programa de televisão Americas Most Wanted (Mais Procurados da América, em inglês), Harper e Permenter eram grandes amigos e namoravam duas strippers que trabalhavam juntas. De acordo com a Polícia Federal (PF), a relação dele era com uma bailarina.
Em 1997, Francesca Ramirez, namorada de Harper, ficou grávida. Durante uma discussão de Permenter com a namorada, Francesca teria reagido para defender a amiga e, após ser agredida, acabou tendo complicações e perdeu o bebê que esperava. Revoltado com a atitude do amigo, Harper teria matado Permenter com quatro tiros. Ele chegou a ser preso no Texas, mas pagou fiança e respondia ao processo em liberdade. Segundo autoridades policiais norte-americanas, ele fugiu antes da data do julgamento.
Vinda para o Brasil
Harper declarou à polícia que chegou ao Brasil em 2000, vindo de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Ele teria entrado no país através da fronteira boliviana com o município de Corumbá, no Mato Grosso do Sul. De acordo com a PF, ele chegou a Curitiba em 2004 e morava em uma residência no bairro Pilarzinho com uma mulher, com quem tem uma filha de quatro anos, e a sogra dele. "Ainda não sabemos exatamente por quais cidades ele passou entre 1997 e 2004. Temos informações que antes de entrar no Brasil, ele foi para países da Europa e da América Latina", afirma o delegado da PF, Rubens Lopes da Silva.
Segundo as autoridades, até setembro de 2008, Harper recebia cerca de US$ 1 mil mensalmente dos avós dele. Depois que os parentes morreram, o dinheiro, que era depositado na conta da sogra dele no Brasil, parou de ser enviado. "Sabemos que ele trabalhou como servente de pedreiro em Curitiba e também chegou a pedir esmola no Litoral do estado", conta Silva.
O delegado ainda disse que o norte-americano se declarou usuário de crack, mas nunca foi preso no país. Ele também não utilizou identidades falsas. "Esteve sempre sem documentos. Nas vezes em que foi abordado por policiais, ele dizia que era estrangeiro e que logo iria deixar o país. Assim, ele era liberado", relata.
Prisão em Curitiba
Depois de ir até a Promotoria de Justiça sem documentos, Harper foi conduzido à PF na noite de quinta-feira. Na sede da Superintendência Regional, ele foi identificado e assumiu ser Harper, embora tenha negado o crime cometido nos Estados Unidos. A polícia pediu à Justiça Federal, ainda durante a noite, a prisão administrativa do suspeito por 60 dias. "Geralmente em casos como esse, a pessoa em situação irregular é notificada e tem três dias para deixar o país. Como ele é um foragido da Justiça, foi pedida a prisão", explica o delegado.
Segundo a PF, a Interpol (Polícia Internacional) e a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília já foram comunicadas da prisão. Para que Harper seja extraditado, a Embaixada Americana precisa enviar uma solicitação ao Supremo Tribunal Federal (STF). Neste caso, caberia ao STF decretar ou não uma nova prisão, desta vez preventiva, do norte-americano. Se a Embaixada Americana não se manifestar, Harper deverá ser deportado. Não existe uma previsão de quando ele deixará o Brasil. Enquanto espera a decisão da Justiça, Harper vai ficar detido na carceragem da PF em Curitiba, no bairro Santa Cândida.