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Força policial no Paraná cresceu menos que a população

 | /Dirceu Portugal / Arquivo/Agencia de Notícias Gazeta do Povo.
(Foto: /Dirceu Portugal / Arquivo/Agencia de Notícias Gazeta do Povo.)

O efetivo policial do Paraná avançou, nos últimos 14 anos, em um ritmo menor do que o crescimento da população do estado. Enquanto o quadro da Polícia Civil e da Polícia Militar aumentou 8,5%, para 24,8 mil agentes, a população paranaense avançou quase o dobro: 16%, ou em quase 1,5 milhão de pessoas. Isso significa que o estado tem, proporcionalmente, menos policiais nas ruas, seja para prevenir ou para investigar crimes. Paralelamente, o Paraná viu as estatísticas de criminalidade explodirem, aumentando a sensação de que a violência está mais próxima.

Em período semelhante, de 2001 a 2013, dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) apontam que o índice de homicídios bateu a casa dos 2.572 casos no Paraná (aumento de 32,5%). O número de roubos dobrou (fazendo 67,3 mil vítimas) e o de roubo de veículos avançou 146% (7,6 mil carros levados por criminosos).

Por si só, o déficit de efetivo não explica a evolução das estatísticas, mas ajuda a entender a dinâmica complexa da segurança pública. A Gazeta do Povo ouviu cinco delegados de diferentes regiões do Paraná e três policiais militares. Todos relatam que, diariamente, precisam fazer uma escolha difícil: que casos vão atender.

“A gente não consegue estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. Então escolhemos que ocorrência vamos atender. É ruim falar isso, mas está tudo largado”, disse um sargento, lotado em uma cidade da região Noroeste. Lá, uma equipe por dia se reveza no policiamento de dois municípios vizinhos. “Se saio para atender, o posto [policial] fica fechado. É que o pessoal já sabe, senão daria com a cara na porta se fosse procurar atendimento no local”, completou.

Polícia Civil

A situação parece ser ainda pior na Polícia Civil. O Paraná é o estado que tem menos delegados em relação à própria população. Nos últimos cinco anos, 155 deles se aposentaram ou foram exonerados e apenas 63 foram contratados. Pelo menos 285 delegacias estão sem delegado titular. Além disso, 16 comarcas paranaenses não têm um delegado sequer.

Os reflexos são sentidos de forma mais incisiva no interior do estado. Lá, delegados acumulam distritos em cidades diferentes e vivem uma rotina em que os atendimentos chegam a ser feitos por telefone. A sensação é de que vivem em plantões permanentes. “Se a PM faz uma prisão na outra cidade, não dá tempo de eu ir até lá para lavrar o flagrante. Eu passo as orientações por telefone, depois vou lá só para assinar”, disse um delegado.

“Eu atendo quatro cidades de duas comarcas diferentes e ainda entro na escala de plantão na subdivisão [sede policial que congrega comarcas de uma microrregião]. Meu telefone não para. A sensação que eu tenho é de estar em um sobreaviso permanente, sem receber um centavo a mais por isso. Minha escala é de 24 horas, sete dias por semana”, apontou outro delegado.

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