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Com fãs mundo afora, a picância da pimenta pode se tornar em breve componente de um medicamento para auxiliar no tratamento contra o câncer. A fórmula do fitoterápico que utiliza a capsaicina, substância presente na planta, foi desenvolvida pelo pesquisador Guilherme Barroso Langoni de Freitas, de 31 anos, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e já teve o processo de patenteamento iniciado.

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Freitas, que é doutorando em Medicina Interna e Ciências da Saúde e professor na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), explica que pesquisas já haviam indicado, há alguns anos, o potencial terapêutico da capsaicina. A substância já é, inclusive, utilizada como analgésico. No entanto, assinala ele, era necessário buscar um experimento atento aos efeitos colaterais da pimenta em doses altas, como hemorragias, gastrite e hemorroidas.

Por ser um produto natural, conseguimos reduzir o custo. Aliamos a baixo custo à baixa toxicidade.

Guilherme Barroso Langoni de FreitasPesquisador
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Ao desenvolver sua tese de doutorado, Freitas encontrou uma forma de garantir o uso da substância em quantidade considerada adequada e com baixa toxicidade ao ser humano. O pesquisador criou uma nanopartícula cujo componente usado para transportar a capsaicina no organismo é a albumina bovina, uma proteína. “Desta forma, além de reduzir reações, temos o efeito nutritivo”, comenta.

Diferente de medicamentos convencionais, que têm um pico de liberação da dose, a nanopartícula carregada pela albumina apresenta, conforme o pesquisador, liberação constante no organismo. O custo do tratamento também se mostrou baixo.

Para o doutorando, os dois principais benefícios da nanopartícula desenvolvida são a indução à morte de células do câncer e a inibição do efeito da angiogênese – processo que leva ao crescimento de vasos que irrigam novas células no corpo, como as cancerígenas. “É um ótimo fármaco para ser lançado no tratamento de cânceres mais comuns”, diz Freitas, ao ponderar, contudo, que, se tratando de câncer, o recomendado seria administrar o produto com outro medicamento quimioterápico.

Conforme ele, o próximo passo será testar a fórmula em humanos para, depois, colocá-la no mercado. O trabalho de Freitas foi orientado pela professora Dra. Iara Messias Reason e será apresentado à banca para obtenção do título de doutor no fim do mês, no Hospital das Clínicas, em Curitiba.

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Eficácia

Ao longo de quatro anos e meio, a fórmula foi estudada e testada em ratos. O experimento mostrou ser eficaz na destruição de células cancerígenas de útero, mama e hepáticas. O próximo passo será testar a fórmula em humanos para, depois, colocá-la no mercado.