Uma fortaleza – local onde é centralizada a arrecadação de pontos do jogo do bicho – pertencente a uma cooperativa de bicheiros de Curitiba e região voltou a funcionar a todo vapor no bairro Alto da Glória, na capital. O local foi fechado pela Polícia Militar no dia 24 de agosto deste ano, mas isso não assustou os contraventores, que teriam voltado a atuar pouco tempo depois da ação policial, segundo relato de vizinhos.

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Na época, 118 pessoas foram detidas por contravenção penal, entre elas o chefe da cooperativa. Durante a operação, foram apreendidos R$ 30 mil em dinheiro, cheques, calculadoras, entre outros materiais usados pelos bicheiros. Investigações apontam que a central recebe cerca de R$ 250 mil em apostas, por dia.

Essa não foi a única banca de jogo do bicho fechada pela polícia no Paraná. Seguindo orientação do governo do estado, nos últimos meses, policiais fecharam outras bancas na capital e no litoral e também têm retirado máquinas caça-níqueis de vários estabelecimentos em todo o estado – isso sem mencionar a campanha realizada contra os bingos.

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Modernização

Apesar da campanha contra os jogos, pelo que a reportagem constatou em pontos de apostas em Curitiba e região, a contravenção continua sendo praticada e hoje é até informatizada. É isso mesmo: o jogo do bicho está sendo feito por computador na maioria das lotéricas da capital, onde há sempre um local reservado – com porta separada – para quem desejar fazer uma "fezinha". A Caixa Econômica Federal não permite que seus parceiros explorem jogos proibidos no mesmo espaço. Apesar disso, é comum que o nome da lotérica seja impresso no tíquete de apostas, que é semelhante a um comprovante de supermercado (veja quadro nesta página).

Com as mudanças iniciadas há cerca de um ano, o bilhete do jogo do bicho ganhou novo visual, embora alguns clientes ainda prefiram jogar à moda antiga, com o apontador que escreve os números das milhares, centenas e dezenas nos antigos blocos. "Estou há 20 anos no ramo. Não coloquei computador porque os meus clientes não confiam nele. Eles têm medo do jogo on-line", afirmou um apontador.

Movimentação

Segundo fontes que pediram para não se identificar, a fortaleza fechada pela polícia em agosto nunca deixou de funcionar num barracão da Rua Alberto Bolliger, esquina com a Rua Doutor Goulinr. O seu nome comercial seria Global Loterias (o mesmo que aparece em tíquetes de apostas informatizadas). A organização teria o monopólio das máquinas caça-níqueis em Curitiba e região.

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Nos últimos dias, a reportagem da Gazeta do Povo constatou o entra-e-sai de motoboys (que recolhem apostas e dinheiro) e dos famosos olheiros (que controlam o movimento na região), além de mulheres e homens, entre eles supostos chefes do negócio ilícito. Um deles foi visto carregando um malote ontem à tarde, caminhando junto com seguranças na Alberto Bolliger. Em média, dez motoboys passam por hora no local, puxando as "listas" do bicho (jogos de regiões específicas).

Em frente à fortaleza há sempre seguranças parados, conversando ou circulando na região. Alguns usam paletó e gravata. A missão deles seria observar a circulação de pessoas estranhas. A área é fácil de se monitorar, porque é cercada por prédios residenciais e com ruas de pouco movimento, algumas delas sem saída.