OPINIÃO
Alexandre Costa Nascimento, repórter da Gazeta do Povo, blogueiro do Ir e Vir de Bike e usuário de bicicleta.
Ainda precisamos pedalar muito
A inclusão do modal ciclístico no projeto de revitalização da Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico, é uma vitória histórica do movimento cicloativista paranaense. É a primeira conquista da recém-fundada Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (CicloIguaçu), entidade que reuniu as diversas vozes que lutam para fazer da bicicleta um eixo de desenvolvimento sustentável de Curitiba.
Os demais compromissos assumidos pelo prefeito Luciano Ducci também enchem de esperança, mas, ainda assim, exigem certa dose de ceticismo. Afinal, não é a primeira vez que um prefeito manifesta boa vontade com a causa das bicicletas. Mas, mais do que "simpatia", é preciso mostrar trabalho. E, neste quesito, a prefeitura de Curitiba ainda está devendo.
De acordo com dados do site Curitiba Aberta, no primeiro semestre o executivo municipal empenhou apenas R$ 126,2 mil (6%) dos R$ 2 milhões previstos no orçamento deste ano destinado a implantação e revitalização de infraestrutura cicloviária do município. Se for para executar o orçamento, a prefeitura terá de trabalhar, até dezembro, 15 vezes mais do que fez até agora no ano.
Os ciclistas de Curitiba ganharam um espaço oficial para discussão de políticas públicas voltadas à mobilidade urbana e à bicicleta. Depois de um breve encontro com militantes da Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (CicloIguaçu), anteontem, o prefeito Luciano Ducci (PSB) determinou a criação de uma câmara técnica para debater ações de suporte à mobilidade e segurança dos ciclistas na capital.
Aprovada na reunião do Conselho da Cidade de Curitiba (Concitiba), na manhã de ontem, a Câmara Técnica de Mobilidade será um instrumento de auxílio na elaboração e execução do Plano Cicloviário de Curitiba, que prevê a ampliação da rede de ciclovias da capital e a recuperação da malha atual, que tem 120 quilômetros. Representantes da prefeitura, militantes, professores e sociedade civil participarão da câmara.
De acordo com o supervisor de planejamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Ricardo Bindo, a Câmara de Mobilidade vai avaliar o Plano Cicloviário e decidir, em conjunto, as ações a serem implementadas. "O plano é um conjunto de medidas e intenções da prefeitura para melhorar o espaço deste que é um veículo de transporte", diz.
A prefeitura de Curitiba também anunciou a instalação de paraciclos nas Ruas das Cidadanias e nos Terminais de Ônibus, além de um levantamento da real situação da malha de ciclovias existente na cidade. "A proposta é avaliar a qualidade, melhorar a sinalização e criar um plano de incentivo ao uso da bicicleta e conscientização os motoristas", afirma Bindo.
Outra orientação de Ducci é a inclusão da bicicleta no projeto de revitalização da Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico. Atualmente, a prefeitura está implantando 42,5 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas na Linha Verde, na Avenida Vereador Toaldo Túlio, na Mario Tourinho, na Fredolin Wolf e na Marechal Floriano Peixoto.
Comemoração
Os militantes do ciclismo em Curitiba comemoram a criação de um espaço oficial de debate sobre o meio de transporte mais utilizado do país. Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares mostram que o Brasil é o 3.º maior produtor e o 5.º maior consumidor de bicicletas do mundo, com 5,7 milhões de unidades produzidas e vendidas no ano passado.
Na opinião do presidente da União dos Ciclistas do Brasil, Antonio Miranda, que esteve na reunião com o prefeito Ducci, a Câmara Técnica de Mobilidade é uma oportunidade. "Tentaremos mostrar a importância de mudar a postura em relação à bicicleta em Curitiba. Queremos que os espaços para ela sejam incorporados aos conjuntos de obras que estão saindo pela cidade", defende.
O advogado Henrique Ressel, um dos coordenadores do Voto Livre ONG que está coletando assinaturas para apresentar um projeto de iniciativa popular que prevê a destinação de 5% da malha viária local para a construção de ciclovias e ciclofaixas , também se animou com a criação da Câmara Técnica.
Entretanto, para Ressel, existe o risco de tudo não passar de promessa. "É bom que seja aberto um canal de diálogo, mas existe o risco de que isso não se transforme em ações. O dialogo é bom, mas são necessárias medidas rápidas para solucionar o problema da mobilidade e da bicicleta", explica. Segundo o advogado, já foram recolhidas 7 mil assinaturas. Para apresentar o projeto, são necessárias 65 mil assinaturas, o equivalente a 5% do eleitorado curitibano.
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