O ensino médio é um dos segmentos mais problemáticos da educação básica brasileira. Entre as inúmeras questões que perpassam o tema, estabelecer uma Base Nacional Comum, que atenda às necessidades do novo perfil dos alunos, se mostra como um dos principais desafios. No entanto, os estados já apontam para um denominador comum: a importância de agregar ao conteúdo tradicional o desenvolvimento de competências “socioemocionais”, ou seja, características como disciplina, respeito e postura crítica.
O rumo foi apontado por gestores de 16 estados brasileiros durante o Fórum “Desafios do Ensino Médio” realizado ontem, no Rio, pela Secretaria Estadual de Educação do estado em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e o Instituto Ayrton Senna.
“Começamos um modelo educacional que pretende trabalhar competências que hoje a escola percebe que são necessárias, mas não consegue desenvolver. A questão é como instrumentalizar isso na escola em benefício da aprendizagem”, afirmou o secretário de educação do Rio e vice-presidente do Consed, Antônio Neto. —“A escola pode trabalhar o conceito de meio ambiente, mas o aluno pode não praticar a defesa do meio ambiente. Educação integral é quando a escola consegue fazer o jovem mudar de atitude, ter responsabilidade, espírito colaborativo, vontade de estudar”, diz.
Durante as mesas de discussão, os secretários destacaram a urgência de trazer a escola para o ambiente real dos alunos, integrando ao currículo, além dos conteúdos normais das disciplinas — como matemática e português —, o trabalho com habilidades que impulsionem o aprendizado e façam a diferença para o ingresso no mercado de trabalho.
“A ciência tem mostrado que um conjunto de habilidades socioemocionais, como a disciplina, leva um menino, a despeito de ter uma origem pobre, a aprender tanto quanto uma criança que não tenha essa realidade. É uma ferramenta para alavancar a aprendizagem especialmente em países muito desiguais, como o Brasil”, argumentou a presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna.
No dia 8 de junho, o Conselho Nacional de Educação (CNE) vai promover uma reunião com entidades da área para organizar uma metodologia que agregue experiências de vários estados. A intenção é sintetizar os relatos em um único documento, que será apresentado em audiências públicas para a construção de uma Base Comum.
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