Virar as páginas de um álbum de família tem um valor sentimental incalculável: quantas boas lembranças surgem ao se rememorar o que passou? Há quem veja nessas fotografias mais que memórias restritas a um sobrenome. As imagens são retratos de um cotidiano que passou, mas que revelam costumes e curiosidades que ainda podem ser apreciados. É pensando nisso que o casal Paulo José da Costa e Valéria Vargas Costa, proprietários de dois sebos em Curitiba, reúnem fotos e outras antiguidades. O objetivo é fazer um livro contando um pouco da história das famílias paranaenses que viveram entre o fim do século 19 até a década de 1950.
A coleta das fotografias foi uma consequência do trabalho diário. Ao garimpar livros e antiguidades para as lojas, o casal se deparava com muitos álbuns que iam direto para o lixo, negligenciados por famílias que não tinham espaço para guardar aquelas velharias. "Achei fantástico, porque você se acostuma a ter a visão oficial da coisa e o álbum de família dava uma dimensão mais humana. E gostei daquilo de entrar na vida da pessoa", resume Costa.
Já se passaram dez anos desde que eles começaram a reunir esse tipo de material, tudo organizado em uma sala da residência do casal. São gavetas de fotos antigas, separadas por temas que vão desde bailes de carnaval até retratos autografados por artistas da época. Além disso, há caixas de registros completos de famílias, com álbuns e diários. Nas estantes, livros e revistas que ajudam a reconstruir uma época que ficou para trás.
Sobre Curitiba, as imagens permitem uma conclusão: era uma cidade pequena com uma região central bem definida. Nesse centrinho, moravam as famílias mais ricas, que ainda deixam as marcas de sua passagem pela região, como é o caso dos Schaffer, Essenfelder, Mueller e ervateiros, como Leão, Fontana e outros.
Elas moravam em mansões, mas também mantinham chácaras em outras cidades ou em áreas que se tornaram bairros da capital, como o Seminário e o Santa Quitéria, cujos acessos eram dificultados pela distância. Ainda no centro havia as casas das famílias de classe média, que faziam a cidade se movimentar na época.
As fotos remontam a uma cidade tranquila, onde ir ao cinema e ao teatro era um prazer, assim como frequentar as chácaras e nelas se inclui o Passeio Público, como era em sua origem. "Vendo as fotos, a impressão é de que a vida em Curitiba era boa e pacata, cheia de prazeres e sem surpresas desagradáveis", conta Paulo.
Para os álbuns virarem livro, ainda falta um empurrão. O casal já se inscreveu em um edital de mecenato, mas teve o projeto rejeitado porque não havia um historiador na equipe.
VIDA E CIDADANIA | 10:52
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