Este retrato do escritor Wilson Rio Apa, feito para a série especial de entrevistas da Gazeta do Povo e que hoje faz parte do acervo do Museu Oscar Niemeyer, me marcou. Através desta imagem, pude resgatar meu olhar para o retrato fotográfico, estilo muito pessoal e que acredito ser uma forma muito verdadeira deste oficio que escolhi, o de ser fotógrafo. Em 3 de outubro de 2013, no meio da tarde, uma grande tempestade com ventos fortes e granizo desabou sobre Curitiba, causando quedas de árvores e muita destruição. Eu estava em casa e no momento que a tempestade amainou, me preparava para sair fotografar o caos instalado na cidade, quando me deparei com um ramo de árvore trazido pela chuva, colado na janela da sala. Lá fora, a cidade estava parada, sem energia elétrica e muita destruição; na minha janela, a chuva trouxe um ramo verde, singelo, novo, cheio de esperança. Este díptico é de 2011, quando estava começando a construção de um empreendimento imobiliário na Praça 19 de Dezembro. A primeira fotografia fiz quando passeava por ali com meu cachorro. Me perguntaram porque eu estava fotografando e eu disse que gostava de ameixas. Quando fui fazer a segunda fotografia, não permitiram que eu entrasse na área. Subi na garagem de um shopping, o segurança me interpelou e eu expliquei que estava fazendo o acompanhamento da obra. Pediram para eu esperar que a Outubro de 1983. Acontece a maior enchente da história de União da Vitória. Eu trabalhava no Jornal do Estado. Fui enviado para a cidade, que estava isolada por terra, com a repórter Cila Schulman. Logo que cheguei fiz esta foto. Era a barcaça que fazia a travessia entre a rodovia e a cidade. Depois fiz mais fotos para a reportagem e enviei três filmes para o jornal, pelo então comandante do Corpo de Bombeiros, Coronel Sérgio Malucelli, que veio de helicóptero para Curitiba. O chefe de redação na época Reynaldo Jardim editou o material e publicou duas páginas, com esta foto no meio e outras ao redor. No ano seguinte ganhei o primeiro lugar no I Prêmio Paraná de Jornalismo, que o Governo do Estado havia instituido. Em 1989, o ator Paulo Autran esteve a frente de um grande elenco do Teatro de Comédia do Paraná, na montagem de Esta foto é especial porque foi a primeira e mais marcante imagem do meu ensaio sobre o Instituto Paranaense de Cegos. O trabalho mexe bastante comigo porque o assunto é complicado para um fotógrafo. Essas pessoas são privadas justamente do sentido mais essencial para a fotografia, a interpretação da luz, a visão. E isto é justamente o que me fez seguir em frente com o trabalho. Ele me provoca, incomoda. Foto do calabouço da Penitenciária do Ahú. Depois da desativação do presídio e de uma investigação, descobri que lá existia um calabouço onde os presos políticos foram torturados e encarcerados durante a Ditadura Militar. No local haviam cinco celas de 1 metro de largura, 1,5 metro de altura e 1,6 metro comprimento. Habitualmente nós, fotógrafos da Gazeta do Povo, cobrimos os treinos dos times de futebol de Curitiba. No dia 5 de fevereiro do ano passado, fui ao Estádio Couto Pereira, antes do jogo válido pela 6ª rodada do Campeonato Paranaense de 2013, para cobrir o treino do Coritiba. A foto em si reflete um momento de inspiração e intuição junto com as minhas experiências, que por sua vez me levou a registar o lance e o momento do choque entre os jogadores do Coritiba, o Lincoln e Dario Bottinelli. Tenho um carinho especial por essa foto por dois motivos. Primeiro porque foi através dela que eu comecei a olhar com olhos diferentes para a vertente do retrato dentro do fotojornalismo, a facilidade que ele tem de contar a história de um personagem, se for bem construído. O segundo motivo foi a premiação dela no POY Latam (Pictures Of Year), na categoria retrato individual. Essa foto, que fiz em Havana (Cuba), 1997, conta a história de uma educadora de 98 anos que tinha como ídolos o Ho Chi-minh e Che Guevara. Doente, não acreditava em vida espiritual pós-morte. Foi o único ser ateu e sereno até a morte que conheci. Fiquei impressionada com Irene. Enquanto esse senhor esperava para ser fotografado, seu olho encheu de lágrimas. Em breve, ele teria a primeira foto com a neta. Essa imagem foi feita em uma região de vulnerabilidade social, no bairro Boqueirão, em Curitiba, em junho de 2013. Essa foto mostra, na época, a falta de compromisso do governo do Paraná. Mais de um ano após ser reinaugurado pelo então governador Orlando Pessutti, o Palácio Iguaçú ainda encontrava-se sem uso e com detalhes ainda inacabados. O local havia se tornado espaço de lazer, que, na minha visão, tornou-se uma espécie de protesto silencioso. A imagem de um skatista saltando em cima do monumento do Bento Munhoz da Rocha pra mim é simbólica. Esta foto foi uma das primeiras que fiz durante meu projeto 365 (365 dias, 365 auto-retratos), sem uso de Photoshop, entre 2011 e 2012. Foi minha primeira tentativa de demonstrar um sentimento visualmente e gostei do resultado, apesar do medo de me expor através do meu trabalho. Este projeto foi especial porque cresci muito durante o tempo em que o fiz e até hoje colho os resultados deste desafio. Ficou como um lembrete do que é possível alcançar quando se dedica a algo que se gosta. Além disto, depois do projeto terminado, um fotógrafo norueguês, Haje Jan Kemps, entrou em contato para incluir esta e algumas outras fotos do projeto em um livro (e fazer parte da capa) sobre autorretrato chamado Shooting Yourself pela Ilex Press, o que me deixou muito feliz. Segundo o retratado, a imagem é a Foi um dia que marcou a minha vida e de muitos paranaenses. Dia 21 de Junho de 2013. Milhares saíram as ruas mesmo com chuva e frio para mais um dia de manifestações. Os ônibus biarticulados na Avenida Sete de Setembro ficaram pequenos em meio aos milhares de cidadãos segurando faixas e cartazes, pedindo um futuro melhor para seu país. A imagem é de um policial com seu cachorro. A expressão do animal transmite todo o carinho que ele tem por seu dono. Gosto de expressões. Em busca de uma cabine telefônica por Buenos Aires - já que o telefone do hotel não estava funcionando -, sai pelas ruas. Levei a câmera, por sorte. No caminho, ouvi um barulho de gente, palavras de ordem. Segui o som e me deparei com essa manifestação. Lembro que meu coração disparou, fiquei empolgada e resolvi me misturar aos manifestantes. No meio da multidão, o olhar dessa moça me congelou. Ela não me encarou. O que ela via através de mim? Tanta serenidade num contexto de agitação. Parecia que naquele momento só existia eu e ela, e o seu olhar determinado. Um ano após ter adquirido minha câmera Pentax K1000, ítem que alavancou minha vontade de me profissionalizar na fotografia, passei por uma experiência que foi minha primeira escola na área: o Festival de Inverno da UFPR. Primeiro evento de grande porte que participei clicando. Oito dias seguidos fotografando da manhã até a noite. Dezenas de rolos de negativos batidos. Cor, preto e branco e cromo. Uma variedade incrível de temas, cores e desafios para um ainda iniciante fotógrafo. Técnica, intuição, bons reflexos e um pouquinho de sorte garantiram um resultado que encheu meus olhos de orgulho. Esta foto do espetáculo Essa foto é marcante porque, para mim, representa o momento de vida em que me encontrava quando a captei. Um período de decisões difíceis, que envolveriam grandes mudanças, onde o medo do desconhecido me paralisava diante da possibilidade de seguir um novo caminho. Foi também a foto que marcou o começo de uma linguagem fotográfica que eu gostaria de expressar em meus trabalhos. O que me fascina na fotografia é a forma poética com que ela transforma objetos e cenas cotidianas. Essa foto é de uma obra em frente a minha casa, de manhã logo cedo. Uma nesga de luz cortava a área da construção que ficava toda na sombra nesse horário, enquanto um trabalhador apanhava um pouco de sol entre uma função e outra. O momento fotografado, para mim, representa a poesia e singularidade em meio ao bruto e comum. Para comemorar o Dia Nacional do Fotógrafo, a Gazeta do Povo convidou alguns fotógrafos paranaenses para enviar uma imagem de sua carreira que tenha sido marcante e explicar o porquê.
A galeria de fotos será atualizada ao longo desta quarta (8) com as fotos recebidas. Acompanhe!
Veja as imagens escolhidas