Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Mapa da violência

Foz do Iguaçu é a campeã do país no ranking de homicídios juvenis

 |

Foz do Iguaçu – Dos 53 homicídios registrados pelo Instituto Médico-Legal (IML) de Foz do Iguaçu desde o início do ano até ontem, 27 tiveram como alvo jovens com idade entre 15 e 24 anos. A grande incidência de mortes nesta faixa etária coloca a cidade no topo da lista dos municípios brasileiros com maior índice de assassinatos juvenis: 223,3 homicídios para cada 100 mil habitantes, entre 2002 e 2004, seguida de Serra (ES) e Recife (PE).

A situação é apontada pelo "Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros", baseado no levantamento concluído no fim do ano passado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), divulgado ontem em Brasília. O estudo, feito com o apoio do Ministério da Saúde, é baseado nos dados do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade).

Além de Foz do Iguaçu, entre as 100 primeiras, o Paraná tem outras cinco cidades no ranking de homicídios juvenis: Piraquara (26.º), Santa Lúcia (32.º), Guaíra (37.º), Nova Santa Bárbara (76.º) e Campina Grande do Sul (92.º). Na lista de homicídios na população total, a cidade fronteiriça ocupa o 11.º lugar. Outras quatro cidades paranaenses também têm destaque nesta estatística: Tunas do Paraná (14.º), Rio Bonito do Iguaçu (21.º), Campina Grande do Sul (83.º) e Piraquara (88.º).

Interiorização

Na comparação dos índices dos dez anos seguintes a 1994, o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, coordenador da pesquisa, conclui que a violência está migrando para o interior do Brasil. Os homicídios registrados entre 2002 e 2004 passaram a se concentrar em 556 dos 5.560 municípios brasileiros – 10% do total. O estudo aponta que mudanças nos aspectos social e econômico provocaram a estagnação do crescimento da violência nas cidades mais populosas – sobretudo nas de grande peso demográfico, como São Paulo – e impulsionou a continuidade nos municípios do interior. "A interiorização da violência vem se revelando como mais um desafio para toda a sociedade brasileira", comenta Waiselfisz.

A causa desta interiorização "é a emergência de novos pólos de crescimento no interior dos estados", principalmente nas regiões metropolitanas ou onde o inverso acontece, como é o caso de Foz do Iguaçu, atingida por uma avalanche de mão-de-obra não especializada e conseqüentemente ociosa.

Recrutamento

Dados da 9.ª Regional de Saúde mostram a gangorra dos homicídios na fronteira, acelerada nos últimos seis anos. Enquanto em 2001, o número de assassinatos chegou a alarmantes 246 casos, em 2004 foram 300, com uma trégua no ano seguinte, quando foram registradas 244 mortes, atingindo o ápice em 2006, com 304 ocorrências.

O envolvimento cada vez mais cedo com o ilícito é apontado como a principal causa dos recordes. O contrabando de mercadorias que entram no país ilegalmente pela fronteira com o Paraguai e o tráfico de drogas são os maiores responsáveis pela onda crescente de violência.

"A facilidade de acesso entre os dois países e o contato com o mundo do crime, além da legislação mais branda em relação aos delitos praticados por adolescentes acabam levando estes jovens à marginalidade", avaliou o secretário municipal de Cooperação para Assuntos de Segurança Pública e comandante da Guarda Municipal, coronel Renato Peres. "Por isso a necessidade do envolvimento de todas as forças policiais que atuam na fronteira", reforçou.

É consenso entre as autoridades de segurança que quase a totalidade dos crimes tem origem nesta realidade. A avaliação é sustentada ainda pela incidência de vítimas com passagem pela polícia, cerca de 90%, além da baixa escolaridade e a falta de ocupação formal. "Famílias inteiras acabam envolvidas no crime", observa o investigador da Delegacia de Homicídios de Foz do Iguaçu, Marcelo Rocha.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.