Foz do Iguaçu, no Oeste do estado, foi considerada uma das cidades brasileiras mais violentas para jovens de 12 a 29 anos. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (24) em pesquisa apresentada no site do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Foram analisadas 266 cidades no Brasil, com mais de 100 mil habitantes. Destas, dez apresentaram elevado grau de vulnerabilidade para jovens. Itabuna (BA), Marabá (PA), Foz do Iguaçu (PR), Camaçari (BA), Governador Valadares (MG), Cabo de Santo Agostinho (PE), Jaboatão dos Guararapes (PE), Teixeira de Freitas (BA), Serra (ES) e Linhares (ES).
A pesquisa, feita pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), em parceria com o Ministério da Justiça, Instituto Sou da Paz, Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção ao Delito e Tratamento do Delinquente (Ilanud), conclui que a faixa etária com maior risco de perder vidas por causa da violência é a que está situada entre 19 a 24 anos. O estudo também identifica existir relação direta entre violência e participação no mercado de trabalho e escolaridade.
Jovens de 18 a 24 anos que não realizam funções remuneradas e não estudam formam o grupo com maior risco de sofrer com a violência. "A pesquisa derruba determinados mitos, como, por exemplo, o de que a situação mais vulnerável é a do Rio de Janeiro. A gente tem essa impressão, mas não é", afirmou o ministro da Justiça, Tarso Genro, que participou da divulgação do estudo.
Sem menosprezar a gravidade da violência no Rio ele disse que a questão mais grave está em áreas do Nordeste, onde existem indicadores sociais baixos, com pouca aplicação de recursos em segurança pública e poucas políticas preventivas. Tarso destacou, porém, que agora isso pode começar a mudar com a adesão de dezenas de cidades dessa região ao Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).
As cidades com menores riscos para jovens foram São Carlos (SP), São Caetano do Sul (SP), Franca (SP), Juiz de Fora (MG), Poços de Caldas (MG), Bento Gonçalves (RS), Divinópolis (MG), Bauru (SP), Jaraguá do Sul (SC) e Petrópolis (RJ).
Fronteira de riscos
De acordo com a professora de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) Paula Inez Cunha Gomide, a informação sobre os riscos em Foz do Iguaçu não é nova. "Há mais de 20 anos falamos que Foz é vulnerável por estar na fronteira", disse. A professora citou que crianças de 7 e 8 anos são convocadas por traficantes para fazer contrabando. "Isso acaba sendo vantajoso financeiramente para as crianças, que têm famílias com poucos recursos", disse.
Paula argumenta que é preciso um investimento muito forte em educação e políticas sociais na região. "As mães estão de acordo com as atividades dos filhos, ganham dinheiro com isso. Para impedir isso teria que haver um aparato social muito grande e um investimento social pesado para mudar esse quadro num curto espaço de tempo", definiu.
Pesquisa ponderada
A Secretaria da Segurança Pública do Estado do Paraná (Sesp-PR), por meio de nota oficial, comentou a pesquisa divulgada nesta terça-feira. A Sesp afirmou que o estudo é ponderado, pois "além de englobar dados de homicídios dolosos e culposos, a pesquisa inclui com a mesma importância indicadores de pobreza no município, frequência à escola e situação de emprego e de desigualdade social mostrando claramente que a prevenção à criminalidade não é um trabalho exclusivo das forças policiais".
O texto oficial diz que a metodologia empregada na pesquisa ajuda a deixar claro para a população que, para evitar a violência, é necessário investimentos em educação, saúde, infra-estrutura urbana, emprego e renda. Sobre os homicídios, a Sesp afirmou que a média de assassinatos em Foz do Iguaçu foi reduzida pela metade e que o número de homicídios entre adolescentes com idade entre 12 e 18 anos, entre 2006 e 2009, caiu 36%. A Sesp reconhece que, por Foz do Iguaçu estar em uma região de fronteira, a cidade acaba virando rota de contrabando e tráfico e isso acaba refletindo na questão dos homicídios. "Por isso, um trabalho conjunto e intenso da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal, Policia Militar e Policia Civil tem sido feito", define o texto.
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