Santa Rosa del Monday (Paraguai) O Consulado Brasileiro e a Secretaria da Saúde de Foz do Iguaçu começaram ontem a cadastrar brasileiros que vivem no Paraguai e usam o Sistema Único de Saúde (SUS) em Foz. O trabalho, iniciado no município de Santa Rosa del Monday, a 90 quilômetros da fronteira, vai permitir saber com precisão quantos imigrantes são atendidos em Foz do Iguaçu, para que a cidade possa reivindicar mais recursos do Ministério da Saúde.
A prefeitura de Foz não possui dados exatos sobre o número de brasiguaios (como são conhecidos os imigrantes) que usam o SUS. Isso porque boa parte deles frauda documentos e se passa por morador de Foz, temendo não ter o direito de fazer consultas médicas pelo sistema. Porém, segundo estimativas, o atendimento dos imigrantes brasileiros e dos próprios paraguaios na rede municipal deve abocanhar de R$ 20 a 30 milhões do orçamento anual de R$ 70 milhões previsto para a área de saúde este ano.
A pretensão da prefeitura é oferecer a todos os imigrantes o cartão de saúde do SUS para que eles sejam atendidos como qualquer cidadão brasileiro. Ao mesmo tempo, o município almeja receber recursos condizentes com o número de usuários da saúde pública, que supera a população local de 280 mil habitantes.
A diretora da Secretaria de Saúde, Lizete Palma de Lima, diz que já foram emitidos cerca de 100 mil cartões do SUS para a população de Foz. O cartão não é exigido para consultas, mas é necessário quando a pessoa precisa ser internada ou fazer alguns tipos de exames. Segundo Lizete, os brasileiros que vivem no Paraguai nunca foram impedidos de solicitar o cartão, mas vinham sendo ludibriados por oportunistas que cobravam dinheiro para conceder o benefício. Um funcionário da prefeitura foi preso em maio praticando a fraude.
O cônsul do Brasil em Ciudad del Este, Antonio Fernando Cruz de Mello, diz que esta é a primeira iniciativa para garantir um cartão do SUS a imigrantes brasileiros. "A constituição brasileira assegura que todo brasileiro tem direito à saúde", reforça. Crítico severo do termo "brasiguaio" por considerar a palavra um desprezo aos imigrantes que não são considerados nem brasileiros, nem paraguaios, Mello diz que somente em Santa Rosa devem ser cadastradas 5 mil pessoas. O consulado calcula que cerca de 380 mil brasileiros estejam vivendo na região fronteiriça entre Paraguai e Brasil. Mais de 50 mil cruzam a fronteira para procurar o serviço de saúde em Foz. Além do cadastro do SUS, o consulado está registrando pedidos para emitir CPF, títulos de eleitor e documentos de identidades para crianças.
A brasileira Gemina Rodrigues, 17 anos, foi uma das que estava na fila ontem para solicitar o cartão do SUS. Há um ano, ela teve o filho em Foz do Iguaçu e diz que só faz consultas na cidade porque não tem recursos para pagar médico no Paraguai, onde não há serviço gratuito para brasileiros. Para Gemina, os brasileiros terão mais tranqüilidade quando estiveram com o cartão. "Com o cartão na mão nos sentiremos mais livres", diz.
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora