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Arqueologia

Fragmentos de um povo extinto

Parte do que foi encontrado pode ser vista no Museu do Tropeiro,  de Castro, até 10 de junho | Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
Parte do que foi encontrado pode ser vista no Museu do Tropeiro, de Castro, até 10 de junho (Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo)

Vestígios de uma etnia indígena extinta no Brasil foram encontrados em uma escavação nos Campos Gerais. A descoberta reforça a tese de que os índios Itararé-Taquara viveram no interior do Paraná. Milhares de fragmentos de cerâmicas e de ferramentas usadas, além dos chamados "buracos de bugre", foram localizados por uma equipe de arqueólogos. No meio acadêmico, a etnia é conhecida pela perfeição das cerâmicas que produzia.

A descoberta decorreu de uma exigência da legislação – vista por muitas empresas como apenas mais uma burocracia que atrasa obras. A indústria Iguaçu Papel e Celulose, de Piraí do Sul, está em expansão e precisava de mais energia elétrica. Para preparar o terreno destinado à instalação de 65 torres de transmissão, a fábrica precisou contratar um serviço de resgate arqueológico.

O trabalho foi realizado pela empresa de consultoria Estudos de Projetos em Patrimônio Cultural (EPPC), de Curitiba. A equipe do arqueólogo Antônio Cavalheiro identificou cinco sítios arqueológicos no trecho de 65 quilômetros, entre Castro e Piraí do Sul. Quatro deles, localizados em Castro, continham 4,3 mil fragmentos de cerâmicas e de ferramentas usadas pela tradição Itararé-Taquara. O quinto sítio, em Piraí do Sul, tinha casas subterrâneas, também chamadas de "buracos de bugre", que eram porões feitos pelos indígenas.

A escavação foi concluída no fim de 2013 em Castro. Parte do que foi encontrado pode ser vista no Museu do Tropeiro, de Castro, em exposição que vai até 10 de junho. Os fragmentos, que estão em dois expositores do Museu do Tropeiro (localizado provisoriamente na Praça Sant’Ana, 51), mostram a habilidade da tradição Itararé-Taquara para construir as peças e ferramentas. "Eles eram exímios ceramistas, as peças eram bem cozidas e duras, com formas semiglobulares", acrescenta. As ferramentas eram bem afiadas.

Segundo Cavalheiro, as peças são muito parecidas com as localizadas em outra escavação, realizada recentemente na região da barragem do Rio Iraí, em Curitiba. Os pesquisadores estimam, conta Cavalheiro, que esse grupo indígena viveu entre o Norte do Rio Grande do Sul e o Sul de São Paulo há cerca de quatro mil anos. Os artefatos localizados em Castro foram datados e indicam a passagem desse grupo entre 850 e 625 anos atrás, ou seja, antes ainda do descobrimento do Brasil, em 1500. O arqueólogo comenta que os Itararé-Taquara eram seminômades. Acredita-se que o grupo vivia num determinado local até se esgotarem os potenciais de colheita, de pesca e de caça.

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