O frango produzido no Paraná vai ampliar sua presença e competitividade no maior mercado potencial do mundo. Quarta economia do planeta, a China - país com 1,3 bilhão de habitantes, sete vezes a população brasileira - autorizou quatro abatedouros do estado a exportar diretamente àquele país. Até agora, apenas duas empresas paranaenses faziam vendas diretas à China e o produto de outras três chegava lá após uma escala em Hong Kong.
As novas habilitações foram confirmadas na semana passada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. São resultado da visita de um grupo de técnicos do governo chinês a abatedouros de todo o Brasil, realizada em março. Ao todo, os chineses habilitaram 14 estabelecimentos (de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul). Com eles, sobe para 24 o número de abatedouros brasileiros autorizados a exportar para a China.
A cooperativa Copacol, de Cafelândia (Oeste do estado) vai estrear no mercado chinês. Outras duas cooperativas paranaenses -- Coopavel, de Cascavel, e Lar, de Medianeira (também no Oeste) --, que já exportavam, tiveram a autorização revalidada. A cooperativa C.Vale, de Palotina (Noroeste), e as empresas Big Frango, de Rolândia (Norte), e Da Granja, do município da Lapa (Região Metropolitana de Curitiba), agora poderão exportar diretamente à China, sem que o produto passe por Hong Kong.
A triangulação com Hong Kong - uma ilha sob controle político da China, mas que pratica o livre mercado - é uma estratégia das empresas brasileiras para entrar no fechado mercado continental chinês, ainda sob o controle do Estado, de regime comunista. Intermediários compravam o frango brasileiro e o vendiam na China. A operação encarecia o custo em até 10%. Com a venda direta, agora mais competitivo, o produto ganhará força para disputar o mercado.
O Paraná é o primeiro produtor brasileiro. No ano passado, foram abatidas 1 bilhão de cabeças, mais de 2 milhões de toneladas, o equivalente a 22,8% da produção nacional. Nas exportações, o estado divide a liderança com Santa Catarina. Em 2005 os abatedouros paranaenses exportaram 791 mil toneladas, 27,8% do total exportado pelo país.
Consumo
De acordo com a União Brasileira de Avicultura (UBA), o consumo per capita de carne de frango na China varia entre 8 e 9 quilos/ano. Emirados Árabes, com 53,5 quilos, Kuwait, 44,7 quilos e Estados Unidos, 44,3 quilos estão no topo dessa relação. São dados do ano passado, onde o Brasil estabeleceu a marca recorde de 33,9 quilos.
Diante desses números, é o potencial de crescimento do mercado chinês que anima os produtores paranaenses: "Se o consumo per capita da China aumentar em um quilo por ano, só essa demanda representará a produção brasileira de dois meses somados", ilustra Domingos Martins, presidente da Associação dos Abatedouros e Produtores Avícolas do Paraná (Avipar).
O Brasil é o terceiro produtor, atrás dos Estados Unidos e China, e o maior exportador mundial de frango, com 42,8% do mercado em faturamento e 55% em volume exportado. No ano passado foram exportadas 2,847 milhões de toneladas, que renderam US$ 3,51 bilhões. Na avaliação de Martins, a "notícia das novas habilitações é ótima, mas agora as negociações precisam prosperar", até se transformar em negócios concretos.
Embora as exportações brasileiras de frango para a China tenham crescido 94% entre 2004 e o ano passado, o país ainda é um comprador modesto do produto, apenas o 13.º mercado entre os 142 importadores. Em 2005, foram 116,6 mil toneladas, volume inferior até mesmo ao de Hong Kong, que importou 156,4 mil toneladas.
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