São Paulo Documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a Operação Vaga Certa, deflagrada nesta semana, revelam que a quadrilha acusada de fraudar vestibulares no país tinha conexões em Curitiba. A contabilidade do grupo mostra que havia pagamentos agendados na cidade. Segundo a Polícia Federal, o bando contratava alunos experientes para fazer o vestibular no lugar de pessoas que não conseguiam passar nas provas. A quadrilha chegava a cobrar R$ 70 mil por uma vaga.
A relação com Curitiba aparece na contabilidade da quadrilha. Os documentos revelavam os valores pagos e nomes de 12 alunos. Eles deveriam prestar o vestibular para a Universidade Gama Filho, no Rio, e o Unificado Cesgranrio (que reúne dez instituições fluminenses).
No meio do documento aparece a inscrição "Curitiba Janaína R$ 27 mil". Não há mais explicações sobre o assunto e a Polícia Federal ainda investiga se houve mesmo a fraude no Paraná.
A Operação Vaga Certa levou sete pessoas para a cadeia nesta segunda-feira. Foram detidas cinco pessoas no Ceará e duas no Rio de Janeiro.
Além das pessoas acusadas de chefiar o esquema, também foram presos alguns "pilotos" modo como eram chamados os alunos que ganhavam para fazer a prova no lugar de terceiros. A polícia diz que os estudantes chegavam a levar R$ 6 mil para cada aprovação obtida. Todos os presos foram denunciados ao Ministério Público.
De acordo com a PF, 30 pessoas em todo o país teriam contratado os serviços da quadrilha. A polícia pretende identificar todos os beneficiados pelo esquema, e os aprovados ilegalmente deverão perder suas vagas. A contabilidade da quarilha revela somente em uma folha, onde estão listados 17 candidatos, que a quadrilha recebeu R$ 405 mil.
A investigação da Polícia Federal já confirmou que pelo menos duas instituições de São Paulo, a Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e a Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), tiveram o vestibular fraudado pela quadrilha.
O chefe da Delegacia Fazendária, Lourenzo Pompílio da Hora, informou que aguarda o retorno das três equipes que foram ao Ceará, para analisar os documentos apreendidos. "Eles podem ter começado a operar a partir de 2002.
Com a quebra do sigilo bancário e fiscal e a documentação apreendida, vamos poder afirmar ao certo quando a fraude começou a ser cometida", disse o delegado.