A Urbs vai realizar uma inspeção em parte da frota de táxis de Curitiba, após denúncia anônima de que alguns taxímetros permitem adulterar o preço final da corrida. A fraude ocorreria em aparelhos de uma marca específica, que tem sede na capital paranaense. Todos os 195 carros que usam este taxímetro (aproximadamente 10% da frota) serão vistoriados. O trabalho será coordenado pelo Instituto de Pesos e Medidas (Ipem/Inmetro), órgão responsável por homologar os aparelhos à venda no mercado e vistoriar o uso pelos taxistas.
De acordo com a Urbs, o órgão recebeu a denúncia de adulteração na semana passada e iniciou uma investigação em parceria com a Delegacia de Crimes contra o Consumidor (Delcon) e o Ipem/Inmetro. Em um táxi, as autoridades encontraram um dispositivo inserido no taxímetro que possibilita cobrar uma tarifa maior por distância percorrida, podendo chegar a até 30% sobre o valor normal da corrida. Esse dispositivo pode ser acionado pelo motorista usando um controle externo. "O taxímetro original não deveria ter essa peça, porém o lacre do Ipem não havia sido rompido", explica Rubico Camargo, presidente do Ipem. Ele compara o esquema ao descoberto recentemente em bombas de combustível em várias cidades brasileiras, Curitiba inclusive. "Agora vamos investigar quem adulterou o aparelho, e como. A polícia vai poder verificar a extensão disso", diz.
O taxímetro adulterado foi apreendido. Confirmada a fraude, a Urbs abrirá um processo administrativo para cassar a licença do proprietário. O titular da Delcon, Jairo Estorílio, não quis adiantar se foi aberto um processo criminal contra o proprietário do táxi flagrado com a adulteração.
Hoje pela manhã, os órgãos envolvidos na investigação vão se reunir para decidir quais serão os próximos passos do trabalho. O Ipem avalia que a vistoria nos 195 táxis deve durar menos de uma semana. Nesse período, os taxistas poderão continuar trabalhando com estes veículos.
Para o ex-presidente da Associação de Rádio Táxis de Curitiba, Edson Fernandes, que também é proprietário de uma cooperativa, é improvável que exista um rede de fraude na frota curitibana. "Tenho 23 anos de profissão e nunca ouvi falar em adulteração de taxímetro", garante. "O taxista não é engenheiro. Sabemos que hoje existe tecnologia que permitiria mexer no sistema, mas não acredito em conivência dos motoristas", avalia.
Segundo ele, as autoridades se mostraram alarmistas ao anunciar a investigação. "Acho que a denúncia primeiramente deveria ter sido apurada de uma forma um pouco mais reservada", opina.