Contagem acelerada
Denúncia idêntica em São Paulo
Na semana passada, houve uma denúncia semelhante de fraude em táxis na cidade de São Paulo. Uma reportagem da TV Bandeirantes mostrou que taxistas compravam um aparelho que acelerava a contagem da tarifa no taxímetro. O aparelho custa entre R$ 150 e R$ 200. No flagra feito pela reportagem, uma corrida que custa R$ 24 em um táxi comum passa a custar R$ 29,50 em um taxímetro adulterado. O aparelho é ligado ou desligado a partir da embreagem.
A adulteração eletrônica ficou conhecida por causa de fraudes em outro setor. Há duas semanas, uma reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, revelou um esquema em que postos de gasolina manipulavam bombas para abastecer menos combustível que o solicitado pelo consumidor. O acusado de adulterar as bombas, Cléber Salazar, proprietário da empresa Power bombas é de Curitiba e chegou a ser preso, mas conseguiu um habeas-corpus e responde em liberdade. Nove donos de postos na capital paranaense também foram indiciados.
A Urbs vai realizar uma inspeção em parte da frota de táxis de Curitiba, após denúncia anônima de que alguns taxímetros permitem adulterar o preço final da corrida. A fraude ocorreria em aparelhos de uma marca específica, que tem sede na capital paranaense. Todos os 195 carros que usam este taxímetro (aproximadamente 10% da frota) serão vistoriados. O trabalho será coordenado pelo Instituto de Pesos e Medidas (Ipem/Inmetro), órgão responsável por homologar os aparelhos à venda no mercado e vistoriar o uso pelos taxistas.
De acordo com a Urbs, o órgão recebeu a denúncia de adulteração na semana passada e iniciou uma investigação em parceria com a Delegacia de Crimes contra o Consumidor (Delcon) e o Ipem/Inmetro. Em um táxi, as autoridades encontraram um dispositivo inserido no taxímetro que possibilita cobrar uma tarifa maior por distância percorrida, podendo chegar a até 30% sobre o valor normal da corrida. Esse dispositivo pode ser acionado pelo motorista usando um controle externo. "O taxímetro original não deveria ter essa peça, porém o lacre do Ipem não havia sido rompido", explica Rubico Camargo, presidente do Ipem. Ele compara o esquema ao descoberto recentemente em bombas de combustível em várias cidades brasileiras, Curitiba inclusive. "Agora vamos investigar quem adulterou o aparelho, e como. A polícia vai poder verificar a extensão disso", diz.
O taxímetro adulterado foi apreendido. Confirmada a fraude, a Urbs abrirá um processo administrativo para cassar a licença do proprietário. O titular da Delcon, Jairo Estorílio, não quis adiantar se foi aberto um processo criminal contra o proprietário do táxi flagrado com a adulteração.
Hoje pela manhã, os órgãos envolvidos na investigação vão se reunir para decidir quais serão os próximos passos do trabalho. O Ipem avalia que a vistoria nos 195 táxis deve durar menos de uma semana. Nesse período, os taxistas poderão continuar trabalhando com estes veículos.
Para o ex-presidente da Associação de Rádio Táxis de Curitiba, Edson Fernandes, que também é proprietário de uma cooperativa, é improvável que exista um rede de fraude na frota curitibana. "Tenho 23 anos de profissão e nunca ouvi falar em adulteração de taxímetro", garante. "O taxista não é engenheiro. Sabemos que hoje existe tecnologia que permitiria mexer no sistema, mas não acredito em conivência dos motoristas", avalia.
Segundo ele, as autoridades se mostraram alarmistas ao anunciar a investigação. "Acho que a denúncia primeiramente deveria ter sido apurada de uma forma um pouco mais reservada", opina.
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