Ponta Grossa A queda nas temperaturas, esperada desde março por causa da chegada do outono, vem acompanhada da expectativa de um controle maior da dengue no Paraná, que atingiu recorde histórico, com 10.017 casos confirmados e seis mortes. Segundo especialistas, termômetros indicando menos de 25º C contribuem para que o mosquito Aedes aegypti, que transmite a doença, não se reproduza.
Apesar da expectativa de queda na população do mosquito, representantes de secretarias municipais de Saúde garantem que continuarão os trabalhos de prevenção. Já a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) não informa se promoverá mudanças nas estratégias de controle da dengue ou se as ações serão mantidas.
Três condições são propícias para a ação do mosquito da dengue: temperaturas entre 25ºC e 29º C, chuva intermitente e ventos calmos. O professor Francisco Mendonça, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que desenvolve a pesquisa "Dinâmica espacial, monitoramento e controle da dengue na Região Sul do Brasil", frisa que essas condições não estão presentes durante o inverno paranaense.
A dengue, explica o professor, tem caráter sazonal no Sul do país, e está presente entre o início do verão e o fim do outono. "Nas regiões Central e Nordeste do Brasil é diferente, porque os dias quentes se estendem por praticamente todo o ano", acrescenta. A chuva intercalada com dias ensolarados e o vento fraco também favorecem a ação do mosquito. "Se chove muito, sem parar, o reservatório natural transborda e o ovo do mosquito não sobrevive. E quanto ao vento, a fêmea, que transmite a doença, tem um raio de ação de três quilômetros, então se o vento for muito forte, ela não resiste", observa.
Chove menos nos meses de junho a agosto, conforme o meteorologista do Instituto Simepar, Lizandro Jacobsen, e o vetor da doença tem mais dificuldade em encontrar reservatórios com água parada. O risco, no entanto, permanece, porque, segundo Jacobsen, os veranicos não estão descartados.
É preciso que a população e os órgãos públicos se mantenham em alerta, como lembra Mendonça, porque o mosquito costuma depositar os ovos dentro de resíduos lançados em arroios, como garrafas pet, que são levadas pela correnteza para outros bairros e até cidades.
O diretor do Centro de Saúde Ambiental da prefeitura de Curitiba, Moacir Gerolomo, acrescenta que o ovo sobrevive até 450 dias antes de eclodir. "É uma falsa impressão de tranqüilidade porque as pessoas acham que não haverá mais dengue no inverno, e não é verdade, porque alguns reservatórios se mantêm", avisa.
Conforme a chefe da seção de Epidemiologia da 15.ª Regional de Saúde de Maringá, Norico Niyagui Nisuta, os profissionais de saúde da cidade, a primeira em número de casos da doença no estado, continuam sendo orientados a evitar a proliferação da doença. "As ações continuam no decorrer do ano", aponta.
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