Apesar do movimento intenso na BR-277 em direção ao litoral (pico de 2,1 mil veículos no período entre as 10 e 11 horas, contra a marca usual de 300 por hora), poucas pessoas arriscaram ir à praia ontem, no feriado da Independência. A temperatura baixa, em torno de 16°C, aliada a ventos gelados acabou espantando o público da orla.
Em Caiobá e Matinhos, por exemplo, poucos turistas passeavam na areia e no calçadão. Os que decidiram a colocar os pés para fora de casa, pela manhã, estavam protegidos por casacos, como a psicóloga Beatriz Stival Andres, 38 anos. Ela andava de bicicleta em Matinhos com os filhos João Pedro, 8 anos, e Renata, 3 anos. "Entre o shopping em Curitiba e a praia, ficamos com a praia. Pelo menos aqui as crianças podem brincar mais à vontade", alega.
Na Praia Mansa, em Caiobá, os quatro filhos da empregada doméstica Léa Gomes de Carvalho, 36 anos, até tentaram a entrar no mar. Mas logo desistiram por causa da água gelada. "Eles só molharam os pés e já voltaram para a areia", diz Léa. A mais nova, Paola, de 4 anos, nem na areia quis ficar. Acomodou-se no carrinho de bebê, muito bem protegida por um casaco de gorro e calça, enquanto os irmãos jogavam bola com os primos na areia.
Comércio
Para os comerciantes, a associação do frio com a situação econômica da população e a falta de eventos que atraiam turistas não está sendo nada benéfica. Muitos afirmaram que nunca tinham visto um 7 de Setembro com um movimento tão baixo.
O jornaleiro Cláudio Ribeiro, 62 anos, de Caiobá, é um exemplo da recessão. A banca de Ribeiro vendeu somente a metade dos jornais, comparado ao feriadão do ano passado. Além da baixa temperatura e da falta de dinheiro, ele culpa também a ausência de atrativos - tanto por parte da prefeitura e do governo do estado, como da própria iniciativa privada. "No ano passado também estava frio. Mas pelo menos teve o show da Ivete Sangalo, que atraiu gente de Curitiba para cá", argumenta.
Já a ambulante Maria Gonçalves, 49 anos, apresenta outro motivo para o movimento fraco: a opção dos curitibanos pelas praias de Santa Catarina. "Não tem mais condições de levar a vida nessa praia. Em Santa Catarina, meus parentes, que também são ambulantes, contam que as coisas são melhores", reclama no calçadão de Caiobá.
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