Gelo prejudica lavoura de trigo em Mamborê
Campo Mourão A geada da madrugada de anteontem em Mamborê, na Região Centro-Oeste do estado, onde os termômetros marcaram 0°C, deixou os produtores de trigo preocupados com a possibilidade de perder todo o plantio.
Clima gelado aumenta procura por aquecedores, queijos e vinhos
O comércio e a indústria que trabalham com produtos consumidos no frio receberam impulso nas vendas com as baixas temperaturas dos últimos dias.
Quem acordou cedo ontem no Paraná se deparou com cenas que lembram o clima europeu: muito frio e paisagens congeladas pela geada que se formou durante a madrugada. Alguns leitores da Gazeta do Povo registraram em fotos o que avistaram da janela de casa ou pelas ruas. (Confira as fotos aqui)
O técnico em informática Everton Kogin, que mora no Bairro Alto, disse ter visto uma geada intensa como a de ontem somente quando era criança. "Isso faz muito tempo. Na época em que eu ia para o colégio costumava ver a grama toda branca. Hoje (ontem) fiquei impressionado com a camada de gelo que se formou em cima dos carros", comenta. Como Kogin sempre anda com a câmera fotográfica no bolso, não deixou de registrar o clima gelado do bairro.
Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, foi o primeiro registro de geadas intensas neste inverno. O litoral foi a única região que escapou do fenômeno. Em Curitiba, a temperatura mais baixa foi registrada entre 6 e 7 horas, quando os termômetros marcaram 1,2ºC. Na região metropolitana o frio foi ainda mais intenso, chegando a 0ºC na Lapa e em Pinhais.
O analista de sistemas Luiz Fernando Polak, que mora em Quatro Barras, conta que há cinco anos não via uma geada tão intensa. "Acordei às 7 horas, quando ainda não tinha sol. Por aqui tudo estava coberto de gelo", afirma. Em São Mateus do Sul, a nutricionista Daniela Noga acordou às 7 horas e também fotografou o que viu. "Gosto do inverno e acho bonito quando ocorrem as geadas. É um espetáculo à parte."
Nas regiões Sul, Central e Centro-Leste do estado foram registradas as temperaturas mais baixas. Chegou a gear até mesmo no Norte do Paraná, onde o clima costuma ser mais ameno. Em Palmas (Sul), os moradores enfrentaram -3,1ºC perto das 8 horas e viram um "calorzinho" de 12,5ºC à tarde. Os termômetros anotaram -1,5ºC em Entre Rios (Centro-Oeste), -1,2ºC em União da Vitória (Sul), -0,9ºC em Palotina (Oeste). A friagem foi rigorosa ainda em Foz do Iguaçu (3,1ºC) e Ponta Grossa (0,2 ºC).
Segundo o Simepar, a previsão é de que as temperaturas tenham uma pequena elevação no fim de semana, com mínimas de 4ºC. "Nos próximos dias pode ocorrer a formação de mais geadas, só que não serão tão fortes como esta", explica a meteorologista Beatriz Porto. Para que ocorra a formação de geadas, além de temperaturas abaixo dos 5ºC, é preciso que a noite esteja com pouca formação de nuvens, sem umidade e ventos fracos, conforme explicou a meteorologista.
O inverno rígido aumentou a procura por casas sociais. Em Guarapuava, faltam leitos para homens. Conforme o gestor-executivo do Albergue Noturno Frederico Ozanam, Antônio Carlos Schwab, a situação está crítica. "A ala masculina tem 30 vagas, mas nos últimos dias colocamos colchões no corredor para atender a todos", disse. O alojamento feminino, com 30 vagas, está com movimento normal.
Em Curitiba, o número de atendimentos na Fundação de Ação Social (FAS) de Curitiba aumentou 45%. A média de atendimentos aos moradores de rua em dias normais, sem baixas temperaturas, é de 160 pessoas ao dia. Só ontem, 234 pessoas usufruíram dos serviços. "Este número diz respeito a quantidade de pessoas recolhidas na rua e também sobre outras que se apresentaram espontaneamente no albergue", explica o diretor de proteção social especial da FAS, Adriano Guzzoni.
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