Não foram apenas as mortes de adolescentes que aumentaram em Foz do Iguaçu. A violência na cidade alcançou em 2006 os números mais altos em toda a história da cidade. De acordo com o Instituto Médico-Legal (IML), os crimes letais intencionais (homicídios dolosos, latrocínio, lesões corporais seguidas de morte e mortes a esclarecer) chegaram a 328 casos no ano passado. Em 2005, foram 285 contra 298, em 2004, até então o maior índice desde 1991, quando a cifra ultrapassou a casa das 100 ocorrências no período de 12 meses.
As mortes por assassinato colocam a cidade como a mais violenta do estado e uma das primeiras no ranking nacional. Enquanto a média de homicídios no Brasil é de 24 para cada grupo de 100 mil habitantes, em Foz do Iguaçu o índice sobe para 106 casos, número comparável aos de municípios como Camaragibe (PE) e Duque de Caxias (RJ), onde as mortes têm ligação direta com narcotráfico.
Na fronteira, o aumento também tem como justificativa a guerra entre as quadrilhas que distribuem a droga adquirida no Paraguai para os principais centros brasileiros. Os acertos de contas entre os grupos e a cobrança de dívidas são responsáveis por quase 90% das mortes violentas na cidade. Entre as vítimas dos crimes estão desempregados (80%), de baixa escolaridade 70% não concluíram o ensino fundamental e jovens entre 18 e 30 anos (cerca de 50%).
Os efeitos socioeconômicos recentes provocados pelo cerco ao contrabando empregado pela Receita Federal há dois anos são apontados como a principal causa do recorde de assassinatos. Muitos que antes engrossavam o exército de "laranjas" pessoas contratadas para fazer o transporte de mercadorias contrabandeadas entre o Paraguai e o Brasil hoje são recrutas do tráfico. "O alto índice de homicídios está diretamente relacionado ao fechamento da ponte", garante o delegado Adriano Chohfi.