• Carregando...
Sobreviventes e conhecidos das vítimas tentavam se consolar após atragédia | Ronald Mendes/RBS-Folhapress
Sobreviventes e conhecidos das vítimas tentavam se consolar após atragédia| Foto: Ronald Mendes/RBS-Folhapress

Dê sua opinião

Quais as lições que podem ser tiradas da tragédia de Santa Maria?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br.

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

Depoimentos

"Reafirmamos nossa disposição em auxiliar os familiares no que estiver ao alcance de nossa estrutura, ao longo do tempo que for necessário."

Felipe Müller, reitor da Universidade Federal de Santa Maria

"É o dia triste da minha vida. Eu nunca pensei que ia viver isso e ver minha menina indo embora."

Neusa Soares, de 64 anos, lamentando a morte da filha Viviane Tolio Soares, de 22 anos

* * * * *

90% das vítimas morreram por causa da intoxicação provocada pela fumaça liberada na queima do revestimento acústico da casa noturna.

  • Casal ia passar fim de semana junto -O namorado da estudante do curso técnico de alimentos Susiele Cassol, 19, chegou na manhã de ontem a Santa Maria. O plano de Roger Dall’Agnol, 21, era passar o final de semana com a jovem, que mora da cidade. Os dois morreram durante o incêndio na boate Kiss, no centro da cidade. Segundo amigos da família, eles namoravam há cerca de quatro anos e se conheceram pela internet. Como Roger morava em Piraí, e ela em Nova Prata no início do relacionamento, o casal se via apenas nos períodos de folga. A jovem mudara para Santa Maria no ano passado, depois de passar no vestibular da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A mãe de Susieli telefonara para a filha na sexta à noite e planejava visitar Susiele, que estava repondo as aulas na UFSM
  • O que sobrou -Ao chegar à boate Kiss(foto), os 12 bombeiros que atenderam a ocorrência encontraram pouco fogo e uma nuvem de fumaça que chegou a fazer alguns integrantes da corporação passarem mal. Em meio à cena de caos e tragédia, o som dos celulares das vítimas tocando era incessante, segundo os bombeiros. Para entrar no que até a noite de sábado era a boate Kiss é preciso passar por pilhas de sapatos, poças d’água, chumaços de cabelo espalhados no chão e um cheiro quase irrespirável de queimado. O que eram bancos de um bar, agora é uma pilha de ferro retoricido, o palco não existe mais e há ainda restos do que foi um revestimento acústico pendurado em partes do teto. Foi a fumaça resultante da queima desse revestimento, que segundo o Corpo de Bombeiros, asfixiou mais de 90% das vítimas
  • Corpos começaram a ser encaminhados no fim da tarde deste domingo para um dos ginásios do Centro Desportivo Municipal de Santa Maria

Depois do incêndio que matou pelo menos 233 pessoas em uma boate em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), anunciou que vai rever todos os procedimentos envolvendo o funcionamento de casas noturnas, incluindo a concessão de alvarás. O pedetista afirmou que a medida é uma forma de prevenção para evitar tragédias como a de ontem. Segundo ele, porém, não haverá perseguição aos estabelecimentos.

O assunto será tratado em uma reunião hoje à tarde, que será coordenada pelo secretário Municipal de Urbanismo, Reginaldo Cordeiro – Fruet estará em Brasília para um encontro nacional de prefeitos com a presidente Dilma Rousseff. Serão convidados para a reunião o Corpo de Bombeiros, representantes do Ministério Público Estadual (MP) e entidades que representam estabelecimentos comerciais.

Segundo Fruet, qualquer medida que for tomada será feita sem sensacionalismo e nenhum intuito de buscar culpados, até por respeito aos empresários. Além da tragédia gaúcha, ele citou como exemplo a ser evitado o incidente ocorrido no Jockey Club de Curitiba, em 2003. Na ocasião, três adolescentes morreram pisoteados e dezenas ficaram feridos por um tumulto na realização de um show. "É preciso um esforço redobrado com relação à segurança. Não adianta agir depois que uma tragédia acontecer", defendeu. "Não faremos nenhum pré-julgamento. Não há um nível de pânico, mas de alerta para todos. Vamos trabalhar em parceria e com muito diálogo com todos os envolvidos para rever os procedimentos e fortalecer a fiscalização."

Presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas do Paraná (Abrabar), Fábio Aguayo defendeu que haja uma padronização das exigências para a concessão de alvarás em todo o estado. Para ele, a catástrofe de ontem deve servir de exemplo para que se amplie a discussão sobre procedimentos de segurança em casas noturnas. "Hoje, cada cidade faz [a concessão de alvarás] à sua maneira. Defendemos uma padronização. É preciso que se leve o setor à sério, principalmente diante dos grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo, que vamos receber", disse. "O nosso maior patrimônio é a vida do cliente."

Ele defendeu, porém, que a ampliação da fiscalização deve se estender também a outros setores, como teatros, igrejas e supermercados. "Que essa fiscalização não se torne uma ‘caça às bruxas’ apenas no nosso segmento", declarou.

Ajuda ao RS

No início da tarde de ontem, o governo do Paraná cedeu ao Rio Grande do Sul um avião do Executivo e um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal para transportar vítimas do incêndio que atingiu a boate gaúcha. Médicos paranaenses também vão ajudar no socorro aos feridos. "Este é um dos dias mais tristes da história do Brasil. O Paraná se solidariza às famílias neste momento de tanta dor. É profundamente lamentável um acontecimento como este", disse o governador Beto Richa.

Redes sociais reúnem informação e auxílioAdriana Czelusniak

A internet permitiu que imagens e informações sobre a tragédia fossem espalhadas rapidamente durante a madrugada e também por todo o dia no domingo. Ainda dentro da boate ou logo depois de terem saído, algumas pessoas publicaram informações sobre o incêndio. Uma jovem postou um pedido de socorro, mas não conseguiu sair do local e foi identificada pela família como uma das vítimas na tarde de domingo.

Sobreviventes e parentes e amigos das vítimas encontraram nas redes sociais um espaço para manifestações, onde lamentavam a tragédia, pediam ajuda e ofereciam orações. Telefones da Defensoria Pública da Cidade e contatos para profissionais da saúde que gostariam de ajudar também foram divulgados. Além de repassar as notícias apuradas pelos meios de comunicação, grupos e páginas criadas na internet, no Twitter e principalmente no Facebook, reuniram e trouxeram consolo a pessoas que participaram de alguma forma da tragédia, ou se mostravam sensibilizados por ela.

Um grupo chamado "Incêndio em boate de Santa Maria - RS [LUTO ]" havia reunido até o início da noite mais de 1,1 mil membros. Entre os posts, fotos e vídeos, além de manifestações pedindo justiça e empenho nas investigações dos responsáveis pela tragédia.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]