Placar antes de ser atualizado: 2016 registra 300 fugas no Paraná| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

A Associação dos Delegados do Paraná (Adepol) inaugurou, nesta sexta-feira (13), o “fujômetro”, uma espécie de placar em que a entidade vai informar o número de presos que fugiram de delegacias da Polícia Civil neste ano. A intenção é que o outdoor seja atualizado semanalmente. O levantamento foi feito a partir de dados repassados por todas os distritos do estado.

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Segundo a Adepol, até o fim da tarde desta sexta-feira as delegacias do estado contabilizavam 300 fugas ao longo de 2016. No total, 9.973 pessoas estão custodiadas nas carceragens de distritos policiais do estado.

A manutenção de presos em delegacias é um problema crônico enfrentando pela Polícia Civil e causa impactos diretos aos serviços da corporação, já que investigadores têm que ser retirados do serviço nas ruas para fazer a guarda dos detentos.

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“O sistema penitenciário tem cerca de 20 mil presos e nós [a Polícia Civil] temos quase 10 mil. Para o sistema penitenciário, cada preso custa R$ 3 mil. Então, o governo empurra os presos para as delegacias, onde o custo é quase zero. Mas, ao mesmo tempo, o governo não vê que está comprometendo totalmente a investigação policial”, disse o presidente da Adepol, João Ricardo Képpes Noronha.

Outras tentativas

Em 2014, o governo Beto Richa (PSDB) chegou a anunciar e comemorar o esvaziamento das carceragens das delegacias de Curitiba. Meses depois, no entanto, os distritos policiais voltaram a receber presos.

Na próxima semana, a Adepol deve promover uma assembleia, em que os delegados vão deliberar se “devolvem” ao estado os presos custodiados nas delegacias. Com isso, a categoria fecharia as carceragens dos distritos. “O governo está sendo omisso e precisamos reverter isso. Nós não temos mais investigadores e, por isso, a violência vem aumentando em espiral, em todo o estado”, apontou.

Cientes

Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp), a direção da Polícia Civil e o Departamento de Execução Penal (Depen) informaram que “estão cientes do problema de superlotação e das fugas registradas nas carceragens das delegacias do estado”. Em contrapartida, os órgãos estaduais destacam que houve avanços, já que, no início de 2011, o número de presos custodiados em delegacias chegava a 14 mil. Entre as cidades em que houve maior redução, a nota destaca Foz do Iguaçu, Maringá e Ponta Grossa.

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“A cúpula da segurança pública tem trabalhado para zerar o número de presos em delegacias. Semanalmente, o Comitê de Transferência de Presos (Cotransp), que conta com representantes do Poder Judiciário e do Ministério Público, autoriza a transferência de presos de delegacias para o sistema prisional. No entanto, as vagas só são abertas com a saída de presos e, para isso, é preciso autorização do Poder Judiciário. Hoje, por exemplo, mais de 400 presos, que estão em penitenciárias, estão aptos a progredir de regime, mas aguardam decisão judicial”, afirma a Sesp no texto.

A pasta aponta ainda que a solução estaria no início das obras de construção e ampliação de novas unidades prisionais, que abririam mais de sete mil vagas no sistema. Além disso, a pasta menciona outra iniciativas, como as audiências de custódia e o uso de tornozeleiras eletrônicas, que contribuem para a redução da massa carcerária.