A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) aceitou as reivindicações dos índios que invadiram a sede da instituição em Manaus, há 16 dias, e confirmou nesta terça-feira (23) a exoneração do chefe do Distrito de Saúde Indígena (Dsei) da cidade, Radamésio Velasques de Abreu, e do coordenador da instituição no Amazonas, Pedro Paulo de Siqueira Coutinho. Também foi afastada do cargo a coordenadora substituta Sílvia Evangelista Pimenta.
A decisão foi tomada durante reunião realizada na manhã desta terça, em Brasília, entre os presidentes da Funasa, Danilo Forte, e da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira; da secretária do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Nádia Ferreira; e do representante das lideranças indígenas, Jecinaldo Sateré.
Em contrapartida ao pedido aceito, os índios prometeram desocupar o prédio da Funasa na capital amazonense o mais rápido possível. Isso irá depender da organização do grupo, incluindo mulheres e crianças, e também dos objetos pessoais e alimentos levados ao local nos últimos dias. Segundo os caciques responsáveis pela ocupação, quase 630 pessoas estão nas dependências do prédio.
Até a nomeação de novos responsáveis pelos cargos, a servidora da Funasa, Cecimar Amaral, vai responder pela coordenação da instituição no Amazonas e pela administração do Dsei de Manaus. Em nota, a Funasa informou que as indicações dos nomes definitivos serão feitas durante o Seminário do Grupo de Trabalho de Saúde Indígena Amazônia Legal 1, que acontecerá em Manaus, nesta quarta (24) e quinta-feira (25). O evento é promovido pela Funasa e pelo Ministério da Saúde.
Desde o último dia 8 (uma segunda-feira), as atividades da Funasa em Manaus estão paralisadas por causa da invasão. Além da exoneração do chefe do Dsei Manaus e do coordenador do órgão federal no Amazonas, os manifestantes ainda exigem que o novo chefe do Dsei seja um índio indicado pelo grupo, que, neste caso seria um representante do povo Mura. Como essa reivindicação não foi formalmente aceita, segundo o índio Airu Saterá, os manifestantes poderão se deslocar para as dependências da Funai, também em Manaus, até resolver essa questão.
"Ainda estamos discutindo essa situação, mas a ideia é retornar s nossas aldeias somente depois que o Zenilton Mura for nomeado, declarou Airu Saterá, em entrevista a Agência Brasil.