Duas pessoas indiciadas em julho na Operação Quadro Negro cogitam agora fazer um acordo de delação premiada. A advogada Alexssandra Saldanha Cabral, que defende Vanessa Domingues de Oliveira e Tatiane de Souza, afirmou à reportagem que estuda a possibilidade de buscar um termo de colaboração para suas clientes. Vanessa e Tatiane trabalhavam como funcionárias da Valor Construtora e Serviços Ambientais e alegam não ter se beneficiado do esquema de corrupção apontado no inquérito policial conduzido pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce). Segundo a defesa das funcionárias, elas seriam “meras laranjas” de Eduardo Lopes de Souza, o verdadeiro dono da construtora de Curitiba.
- 2.ª fase da Operação Quadro Negro apreende bens avaliados em R$ 9 milhões
- Polícia Civil deflagra segunda fase da Operação Quadro Negro
- Construtora apresentou informações falsas em três licitações
- Empresa sob suspeita tem 12 contratos vigentes com governo do Paraná
- Auditoria apura corrupção em contratos de R$ 30 milhões para obras de escolas
- Além de fraudes na Seed, construtora também atrasa reforma de penitenciária
Registro na Junta Comercial revela que Tatiane figurou como proprietária da construtora entre abril de 2013 e janeiro de 2015. Já Vanessa assumiu legalmente o comando da empresa em seguida, em janeiro deste ano. De acordo com depoimentos registrados pelo Nurce, Eduardo argumentava a elas que ele não poderia assumir oficialmente a propriedade da construtora, em função de problemas com sua empresa anterior.
A negociação sobre um possível termo de colaboração seria feita com a promotora de Justiça Ana Karina Abrao, à frente do mesmo caso no âmbito do Ministério Público. Um inquérito civil conduzido por ela está em fase de diligências e, quando concluído, deve render uma ação civil pública. Ela também aguarda o término do inquérito policial, do Nurce, para oferecer denúncia. As tratativas com a promotora de Justiça ainda não foram feitas pela defesa das duas funcionárias. Se futuramente a delação for negociada com o MP, os termos do acordo ainda devem ser submetidos a uma homologação do Judiciário.
Como funcionárias da empresa, as duas podem ajudar os investigadores a entender para onde foi o dinheiro obtido pela Valor Construtora nos contratos que estabeleceu com a Secretaria de Educação para reformar e construir escolas estaduais. A empresa recebeu cerca de R$ 25 milhões (entre verbas estaduais e também federais) em dez contratos, mas não cumpriu com todas as etapas das obras.
No mês passado, em uma segunda operação do Nurce, foram sequestrados bens ligados à Valor Construtora, avaliados em quase R$ 9 milhões. Outros sequestros ainda podem ser feitos.