Um dia depois de ser alvo de uma tentativa de agenciamento por um funcionário da Central de Luto, a reportagem da Gazeta do Povo esteve no Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba. Lá, disse que precisava saber a qual órgão se dirigir para enviar um corpo a Maringá, no Norte do estado. O funcionário de plantão no IML fez algumas perguntas: onde estava o corpo, se a família já estava com atestado de óbito e se alguma funerária já havia sido contratada. Diante da negativa, fez uma ligação e passou o telefone. O agente fez as mesmas perguntas e disse que passaria no Instituto em poucos minutos.

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O agente funerário chega cerca de 25 minutos depois e revela que trabalha para a Funerária São Francisco, no Centro de Curitiba, e oferece um cartão de visitas. "Vamos até a funerária, é bem pertinho daqui", diz. Quando se dirigia para o carro, o agente recebe uma ligação do funcionário do IML. "Já achei ele."

No caminho, ele diz que é possível escolher qualquer funerária. "Você pode escolher. Não precisa ser comigo, claro que eu vou fazer de tudo pra te atender", comenta. Perguntado sobre a necessidade de procurar o Serviço Funerário Municipal, o agente funerário desconversa. "(É coisa) de gente desleal com a gente, que não é profissional. (Se não fazem o serviço), tá no lugar errado. (Pode procurar) quem te atender melhor", garante. "Na verdade lá é o Serviço Funerário, tem que ir por causa do registro. Mas às vezes, de madrugada, (as outras funerárias) têm preguiça."

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Na funerária, a pessoa que fez o agenciamento continua fazendo o atendimento. Quer que entre em contato com a família, pede números de celulares, se oferece para levar até o aeroporto, se for o caso, buscar os familiares. A reportagem simula um telefonema e muda a versão: o enterro será israelita. O funcionário da funerária muda o discurso. "Tudo bem, vou mandar o rapaz te levar lá (perto do IML)", diz a outro funcionário.

A reportagem entrou em contato com a Funerária São Francisco, mas foi informada de que o proprietário estava incomunicável. (JML)