Os funcionários do Restaurante Universitário (RU), da Universidade Estadual de Londrina (UEL), ameaçam interromper o atendimento se estudantes voltarem a invadir o local, como aconteceu na semana passada. Já os estudantes ameaçam ocupar o RU se a universidade não aumentar o número de vagas para alunos carentes na nova Casa do Estudante, que ainda não está funcionando. O protesto na semana passada foi motivado por decisão do Conselho de Administração (CA) da UEL segundo a qual a casa terá somente 80 vagas. Atualmente, a UEL abriga 117 estudantes carentes num hotel da Cidade.
A decisão do CA foi tomada na quarta-feira. No dia seguinte, no horário do almoço, cerca de 30 estudantes pularam as catracas do Restaurante Universitário e entraram com faixas de protesto. Também pegaram refeições sem pagar. O mesmo se repetiu à noite e no almoço de sexta-feira.
"Já tentamos negociar [com a Reitoria], mas eles não nos aceitam. Lutamos contra essa gestão, que não quer atender os estudantes; falam que nós é que temos que nos adequar à universidade, sendo que a universidade é para os estudantes", disse o aluno de ciências sociais, Rodrigo Mortari, que mora na Casa de Estudante. Hoje, às 12 horas, haverá uma reunião dos alunos em frente ao RU. "Vamos discutir todos esses problemas e o pessoal é quem vai decidir o que vai acontecer. Pode ser que resolvam entrar [no RU] ou não", disse.
A proposta de paralisação dos funcionários do RU, em caso de nova invasão dos estudantes, recebeu o apoio do reitor da UEL, Wilmar Marçal. "Se os estudantes pularem de novo, nós vamos fechar, pois não sabemos que tipo de reação eles podem ter. Tivemos uma reunião com o reitor para avisar que iríamos parar e ele disse que estava do nosso lado, que não podemos trabalhar coagidos", disse a auxiliar de cozinha do RU, Luiza Belasco Moreira.
O chefe do Serviço de Bem-Estar à Comunidade (Sebec) da UEL, Oswaldo Yokota, afirmou que o CA foi compreensivo com a questão social dos estudantes pois permitiu que, na seleção deste ano, sejam abertas mais 38 vagas provisórias, além das 80 oficiais na casa.
Atualmente, 117 estudantes moram em quartos de um hotel locados pela UEL. No entanto, nem todos poderão ser atendidos quando a Casa do Estudante abrir. "Estamos fazendo um estudo para ver como eles poderão ser contemplados de alguma forma, seja com moradia ou com bolsa", disse Yokota. A casa ainda precisa passar por reformas. Nesse período, o contrato que a UEL tem com o hotel será prorrogado até abril do ano que vem.