A onda de greves do funcionalismo estadual do Paraná continua surpreendendo usuários com a suspensão de serviços básicos. Na manhã dessa segunda-feira (23), cerca de 20 servidores do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) e 60 professores bloquearam o acesso aos serviços de vistoria e exame prático na sede do bairro Tarumã, em Curitiba. A categoria deflagrou greve geral no último dia 18.
O diretor-geral do Detran-PR, Marcos Traad, declarou lamentar a posição dos servidores que, segundo ele, estariam usando o movimento dos professores estaduais para causar problemas à população, “com uma pauta de reinvindicações que sequer tem o apoio da maioria dos estatutários do órgão.”
Em nota, o Detran-PR informou que os registros de ponto e a folha de presença eletrônica utilizada pelos funcionários indicam que a adesão à greve não alcançou 20%. A baixa adesão é contestada pelo Sindicato dos Servidores do Detran (Sisdep). A entidade estima que 80% dos servidores tenham aderido ao movimento grevista.
Reinvindicações
A pauta de reinvindicações dos funcionários do Detran-PR inclui a retirada do pacote de medidas de austeridade proposto pelo governo estadual – estopim da paralisação dos funcionários da educação –; o pagamento de salários e terço de férias em atraso e a atualização das promoções e progressões de carreira que, segundo o Sisdep, não acontecem desde 2013.
A categoria possui também uma pauta individual, na qual solicita a criação de quadro próprio de funcionários. Hoje, os servidores do Detran-PR estão vinculados ao quadro geral de servidores estaduais.
“Já tínhamos um acordo com o governo para a criação do quadro próprio, mas os prazos não foram cumpridos. Precisamos disso para a realização de concursos e para suprir a falta de servidores. O Paraná possui a terceira maior frota de veículos do país, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais, e possui um Departamento de Trânsito com 950 servidores”, explica Silvia Penerotti, secretária da diretoria do Sisdep.
Ainda segundo Silvia, a defasagem do quadro funcional prejudica a prestação de serviços básicos, como o exame de direção veicular, exigido para a concessão da Carteira Nacional de Habilitação. “O Conselho Nacional de Trânsito possui duas resoluções [168 e 169] em que estabelece que o exame deve ser acompanhado por uma comissão formada por três membros. O Detran-PR descumpre essa resolução por falta de profissionais”, afirma.