Greve não justifica atraso no pagamento de faturas
O Programa de Orientação ao Consumidor (Procon) alerta que a greve dos Correios não é justificativa para atrasar o pagamento de contas. Quem recebe faturas, deve entrar em contato com a instituição credora e solicitar uma segunda via do documento a ser pago, caso contrário juros e encargos serão cobrados normalmente.
Por conta da greve, a empresa de telefonia Brasil Telecom está prorrogando a data de vencimento das contas de telefone. No Paraná, as faturas de telefone fixo que venceram no último dia 14 serão prorrogadas para o dia 19. As faturas de celulares, para o dia 18. Todas as contas que vencem terça-feira (18), vão ficar para o dia 24.
Os funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) do Paraná decidiram, no início da noite desta sexta-feira (14), permanecer em greve por tempo indeterminado. Após uma passeata pela região central da capital paranaense, quando foi distribuída uma carta aberta à população explicando os motivos da greve, os trabalhadores realizaram uma assembléia e decidiram pela continuidade do movimento. A categoria não aceitou a nova proposta apresentada pela direção nacional do Correios ao comando de greve, em Brasília (DF). Com pequenas alterações ao que havia sido apresentado na terça-feira (11), a empresa ofereceu agora o abono de R$ 400, que inicialmente seria parcelado em duas vezes, em um pagamento único. A empresa também desistiu de retirar pais e mães com renda de até 1,2 salário mínimo do plano de assistência médica. Mas não houve nenhum avanço em relação ao reajuste salarial.
Protesto
A passeata realizada na capital paranaense contou com a participação de cerca de 400 pessoas. A manifestação partiu da sede estadual dos Correios, localizada na Rua João Negrão, no bairro Rebouças, e terminou em frente à Agência Central, ao lado do prédio histórico da UFPR, com um abraço simbólico. A agência esteve fechada durante todo o dia. Em Curitiba, também a agência do bairro Rebouças não prestou atendimento na sexta.
Um grupo formado por cerca de 40 funcionários está acampado na frente da sede regional dos Correios e deve permanecer no local durante o fim de semana. Para a manhã de domingo (16), a categoria programou uma "greve em família" na Travessa Pinheiro, localizada ao lado da sede estadual da empresa, das 10h às 14 horas. Com piscinas de bolinhas e outras brincadeiras para as crianças, o sindicato espera atrair os familiares dos trabalhadores para o movimento grevista.Para segunda-feira (17), está previsto o fechamento da Agência Marechal Deodoro, no centro da capital paranaense.
Adesão
O Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR) reitera que a adesão à greve é crescente e já supera o percentual de 80% da categoria na maioria dos 399 municípios do Paraná. O sindicato contesta a alegação da empresa, de que a greve teria uma baixa adesão dos trabalhadores, com uma média de 40% dos funcionários.
Conforme a assessoria de comunicação dos Correios no Paraná, a distribuição de correspondências, nos dois dias de paralisação das atividades ficou prejudicada no estado em 40%. Em torno de 500 mil objetos, deixaram de ser entregues durante o primeiro dia de paralisação, a quinta-feira (13). Diariamente são distribuídos 1,3 milhão de correspondências, sendo que metade deste número diz respeito a Curitiba. O efeito, porém, só será sentido dentro de três a quatro dias, conforme avaliação dos Correios.
Interior
Na região Oeste do Paraná, em Foz do Iguaçu, a adesão de funcionários dos Correios à greve foi maior do que o esperado. Por isso deverá ser enviado mais funcionários para reforço no atendimento segunda-feira (17), segundo o gerente regional dos Correios, Paulo Kremer. Na cidade há quatro agências e cerca de 150 funcionários.
Em Maringá, na região Noroeste, 70% dos funcionários dos Correios estão parados, conforme avaliação do diretor executivo do Sintcom-PR, Osmar Silva. Ele acredita que as correspondências estão sendo entregues com 72 horas de atraso. Em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, todas as correspondências que chegaram nestes dois dias de greve foram levadas para os galpões do 5.º Batalhão de Infantaria Blindada do Exército, para a triagem. Segundo Osmar Eyng, gerente regional de vendas dos Correios, a prática é rotineira em casos de greve. A assessoria de comunicação social da regional Paraná lembra que é uma forma de manter o funcionamento dos serviços.
Guarapuava, Londrina, Cascavel e Curitiba também estão usando as instalações do Exército. Na capital paranaense, as correspondências estão sendo levadas para o 5º Batalhão de Logística.
Reajuste
Em greve desde a noite da última quarta-feira (12), os trabalhadores reivindicam R$ 200,00 de aumento real linear, além da reposição das perdas salariais que, acumuladas desde 1994, totalizam 47,77%. A direção dos Correios oferece um reajuste de apenas 3,74%, R$ 50 de aumento real a partir de janeiro de 2008 e um abono de R$ 400. A contraproposta da empresa ainda retira uma série de direitos já conquistados pela categoria, em especial na área de assistência médica.
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