Ecossistema
Promotor acredita que obra vai afetar espécies da região
O promotor público Robertson de Azevedo elenca ao menos três fatores para que a PCH não saia do papel. Um deles é de que o rio possui uma fauna diferenciada. Estudos desenvolvidos pela professora Claudenice Deitos, da Universidade Estadual de Maringá, indicam que o Goioerê concentra dez espécies endêmicas ainda não completamente descritas pela ciência. "Uma PCH não dá remuneração ao município e muitas famílias seriam afetadas diretamente pela obra e teriam de deixar o local ondem moram", enumera Azevedo. A obra afetaria ainda, segundo ele, cerca de 800 propriedades rurais na região. Uma lei promulgada pela Câmara de Mariluz declara que a preservação do Salto Paiquerê é alvo de interesse do município.
Otimizando
O biólogo e coordenador da ONG Liga Ambiental, Tom Grando, ressalta que apesar de as PCHs não prejudicarem tanto o meio ambiente quanto as grandes usinas, elas também afetam o ecossistema. "A gente deveria pensar onde e por que gerar energia através das PCHs. O ideial é aproveitar e otimizar o que já temos." Segundo ele, em um empreendimento desses o impacto é inevitável. "As PCHs usam os saltos naturais como uma espécie de barragem, isso afeta a fauna e flora local. Provoca uma exaustão do rio e estresse natural", explica.
Uma comunidade do Noroeste do Paraná luta para que a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Água Limpa não saia do papel. O receio é de que o Salto Paiquerê, no Rio Goioerê, em Mariluz, seja afetado pelo empreendimento. A usina teria capacidade de gerar 23 megawatts, o suficiente para abastecer uma população de 70 mil pessoas. O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) ainda não expediu a licença prévia da obra.
INFOGRÁFICO: Confira como funciona uma Pequena Central Hidrelétrica
O entrave para a construção da usina está ligado a um pedido de tombamento que tramita no Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná. Para impedir qualquer ação que possa colocar em risco o meio ambiente, a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Vale do Piquiri (FADCT) protocolou a solicitação de tombamento do salto como patrimônio ambiental. O andamento do processo, porém, está travado.
A redação final do processo de tombamento está finalizada, mas ainda não foi votada pelo Patrimônio. A reportagem apurou que há uma ordem da Secretaria Estadual de Cultura para que os empreendedores da usina expliquem a construção ao Patrimônio Histórico antes de se definir pelo tombamento ou não. Uma reunião foi marcada com a empresa Multifase, responsável pelo projeto, mas os empreendedores não teriam aparecido no encontro agendado.
A coordenadora do Patrimônio, Rosina Parchen, informa apenas que o processo está em fase de instrução. Via assessoria de imprensa, o secretário estadual de Cultura, Paulino Viapiana, diz que o Conselho precisa saber os detalhes do projeto da PCH para tomar uma decisão. Ele confirma que foi concedido um prazo para que a empresa explique o projeto, mas não há uma data-limite para isso. Enquanto isso, diz o secretário, ficam suspensas quaisquer obras ou intervenções na região do salto, já que o processo de tombamento está em trâmite.
O diretor da Multifase, Rodrigo Demeterco, informa que já participou de diversos encontros com o Conselho para elucidar o projeto. Segundo ele, a PCH não irá afetar o salto, pois a barragem será antes da queda dágua. "É uma loucura um empreendedor não pensar no meio ambiente nos dias de hoje. É jogar dinheiro fora. O salto não será afetado e não temos o menor interesse em prejudicar uma beleza como aquela", ressalta. Ele reforça ainda que a empresa procura mostrar aos conselheiros que o projeto, idealizado em 2002, não afetará o meio ambiente.
Prudentópolis também deve ganhar usina
Parte da população de Prudentópolis, na região central do estado, luta para que a construçtão de uma nova PCH nas cachoeiras do Salto Mandurí e do Salto Barão do Rio Branco (foto acima), ambas no Rio dos Patos, não saia do papel. O IAP concedeu, em 2012, a licença prévia para o empreendimento.
O projeto, da empreiteira Dois Saltos, inclui a construção de um túnel e canais interligando as duas quedas dágua. Diversas passeatas foram realizadas na cidade e também ofícios foram encaminhados ao IAP contra a usina. O receio do movimento Gigantes, criado para defender as cachoeiras de Prudentópolis, é de que o empreendimento afete o meio ambiente e o turismo na cidade. O IAP informa que ainda não foi concedida a licença de instalação para que as obras tenham início.
No trecho médio inferior do rio já existem as PCHs de Salto Manduri (ou Rio dos Patos), em operação desde 1946, e a PCH Salto Rio Branco, em operação desde 1955. A obra da nova hidrelétrica, segundo o Estudo de Impacto Ambiental, seria composta por 4 unidades geradoras a serem instaladas 1,5 km abaixo do Salto Rio Branco. A tomada da água seria feita mil metros antes do Salto Manduri. A água seria captada e levada através de dois canais abertos e um túnel subterrâneo até a casa de força.
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