Nos últimos meses, o campus da Universidade Estadual de Londrina (UEL) vem sendo palco de vários crimes. Assalto a estudantes nos pontos de ônibus, furtos de veículos e, na última quarta-feira, até um suposto molestador foi detido nas dependências do Centro de Ciências Humanas (CCH) depois de perseguir uma aluna. O quadro levou a uma intensificação na vigilância feita pela segurança da UEL e até aumento nas rondas da Polícia Militar na universidade.
Beatriz – uma das alunas da UEL – foi vítima. Ela teve o celular roubado por dois homens em uma moto, quando descia do ônibus no ponto do CCH. O centro e imediações são os principais locais para os bandidos agirem. “Não sabemos por que isso ocorre, mas intensificamos a vigilância sobre a área”, diz o prefeito do campus, Dari de Oliveira Toginho Filho. Segundo ele, a segurança começou a receber mais reclamações de roubos de celulares, notebooks e aparelhos eletrônicos nos últimos dois meses e intensificou a fiscalização. “Pelos relatos, sempre eram dois homens em uma moto. Começamos a abordar todas as duplas em motos e o número de ocorrências desse tipo caiu.”
Perseguição
Segundo o prefeito, no caso da suposta tentativa de estupro, o homem havia molestado a aluna no ônibus há alguns dias, esfregando a genitália nela. “E ela o reconheceu andando por aqui, quando saía do banheiro. Acionada, a segurança o deteve e acionou a PM.” Mas conforme notícia divulgada pela Rádio UEL FM, o homem estaria perseguindo a vítima há várias horas, esperando ela sair do banheiro. Segundo a reportagem veiculada na página oficial da rádio no Facebook, o homem foi detido com o órgão sexual exposto e confessou ter antecedentes pelo mesmo crime. O caso foi registrado no 3.º Distrito Policial.
O caso do suposto molestador não é único. Outra aluna, que não quis se identificar, conta que várias meninas viram um homem se masturbando dentro de um carro parado e com a porta aberta. “A segurança dentro da universidade teria que ser dobrada ou triplicada. Mesmo sendo um local público, estamos em uma instituição de ensino”, aponta a aluna. No grupo Calourada Feminista da UEL, no Facebook, há vários relatos de universitárias que foram perseguidas.
“Aconteceu comigo há umas duas semanas. Eu tinha acabado de sair da Caixa e estava indo para o ponto do CCB pegar ônibus. No meio do caminho, um fusca azul parou uns metros à frente de mim e ficou com a porta encostada. Quando eu cheguei bem perto de onde ele estava parado - não tinha como eu desviar, pois era o único caminho -, ele abriu a porta com tudo. Achei que seria um assalto, mas ele estava pelado dentro do carro se masturbando. Eu fingi que não vi, segui em frente e ouvi ele dizer: ‘Entra aqui! Estou mandando’. Fingi que não ouvi, mas fiquei apavorada. Segui minha caminhada e, uns metros à frente, passou por mim de novo, mas como tinha carros atrás, não tinha como ele parar do meu lado outra vez. Eu nunca senti tanto ódio na minha vida”, relatou uma aluna.
Local público
De acordo com Toginho, o campus da UEL é muito grande e aberto, facilitando a ação de bandidos. “Por mais que tenhamos cuidado, investimos em segurança, sempre ocorrem problemas. Os furtos e danos contra o patrimônio lideram as ocorrências.” Segundo ele, a parte mais vulnerável é a área da fazenda-modelo, que registra uma média de oito ocorrências ao mês. “O problema é que não podemos impedir ninguém de entrar. E precisamos contar com a ajuda da comunidade acadêmica também.”
Segundo o prefeito, são os alunos, professores e funcionários que conhecem bem quem faz parte ou não da comunidade. “Se perceberem pessoas estranhas em atitudes suspeitas, a segurança precisa ser avisada.” Isso, no entanto, não é o que acontece. “Além de não avisarem, ainda não gostam quando tentamos retirar suspeitos do campus. Foi o que aconteceu esses dias, quando um homem entrou em várias salas de aula sem fazer parte da comunidade. Obviamente procurava algo para furtar, mas quando foi detido, os alunos protestaram”, disse. Toginho também lembrou que aumentou o número de assaltos no entorno da UEL.
Segundo o capitão Ricardo Eguedis, porta-voz do 5º Batalhão da Polícia Militar, embora a UEL conte com segurança própria, também está incluída nas rondas feitas na região pela PM. “A UEL é muito aberta e proporciona acesso facilitado a pessoas mal-intencionadas. A PM tem obrigação de ajudar a evitar crimes ali e estar presente sempre que for acionada”, apontou.