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Urbanismo

2017 deve ser o ano das cidades inteligentes no Brasil

Conectividade é uma tendência para cidades grandes do mundo todo. | Pixabay
Conectividade é uma tendência para cidades grandes do mundo todo. (Foto: Pixabay)

Mapear o nível de deslocamento da população, saber onde há vagas disponíveis para estacionar o carro no bairro vizinho, acompanhar o crescimento das árvores para evitar que os galhos danifiquem a rede elétrica e captar imagens através de drones. Agora, imagine todas essas informações cruzadas em tempo real. Se depender das empresas de telecomunicações, o ano de 2017 promete ser o marco da implantação de projetos de cidades inteligentes no Brasil, que hoje não vão muito além de internet gratuita para a população.

Oi e Embratel, do grupo mexicano América Móvil, planejam lançar projetos com serviços integrados nos próximos meses. A estratégia é oferecer um pacote de iniciativas combinadas que, de um lado, têm potencial para ajudar os governos a economizar e, de outro, podem facilitar a vida da população, com maior eficiência de serviços públicos. A entrada das duas teles neste filão deve intensificar a concorrência com TIM e Vivo, que já oferecem serviços para cidades e estados.

A crise econômica, porém, pode atrapalhar a velocidade da implementação dos negócios, já que, em tempos de contenção de gastos, despesas com telecomunicações podem não ser a prioridade, dizem as companhias.

A Oi pretende lançar seu projeto até março e já conversa com seis prefeituras. O nível de serviço dependerá da necessidade de cada uma das cidades. Luiz Carlos Faray, diretor Corporativo e Empresarial da Oi, explica que a plataforma, num primeiro momento, reunirá mais de cem camadas de informações com base no perfil de seus clientes, como a movimentação das pessoas e o número de empresas instaladas. Com isso, por exemplo, será possível pensar em melhorias no transporte.

Em um segundo momento, a plataforma começa a agregar sensores diversos, como os de monitoramento do tamanho das árvores e nível de poluição, de vagas em estacionamentos públicos, entre outros. Por causa da crise econômica, a empresa tenta convencer as prefeituras a trocar as multas de suas concessionárias (como luz e água) por investimentos em projetos de conectividade.

As prefeituras não têm dinheiro e não têm grau de digitalização. A conectividade só vai trazer benefícios. Ações isoladas não têm relevância. A cidade inteligente no Brasil começou com Wi-Fi gratuito, mas é preciso evoluir, por meio da digitalização dos serviços e interpretar todos os dados. Por exemplo, com base no perfil de movimentação da população, é possível ajudar empresas a achar o melhor ponto para abrir uma loja

Luiz Carlos Faray diretor Corporativo e Empresarial da Oi

Sem fio

Na TIM, a lista de iniciativas também é extensa. No Ceará, a companhia participa do projeto, batizado de “Smart City Laguna”, em São Gonçalo do Amarante, a 55 quilômetros de Fortaleza. O local conta com a participação de outras empresas. Tudo será sem fio e permitirá, por meio de aplicativo nos smartphones, que os moradores acessem informações sobre serviços básicos.

Drone

Em um outro projeto piloto da TIM no interior de São Paulo, a companhia italiana usa até drones com chip capazes de analisar diversos dados, como crescimento da vegetação e desempenho de plantações. Também em São Paulo, já usou chips em bueiros para monitorar o volume de água e entupimentos em tempo real. No estado do Rio, conta com 220 antenas (biosites, acoplados em postos de luz) que contam com sensor de luz e temperatura, ajudando a monitorar a evolução do clima e a quantidade de tráfego. Assim, se não houver movimentação, a quantidade de energia elétrica é reduzida.

Com base nessas informações, o poder público pode gerar decisões de forma a melhorar a vida da população. Em várias cidades do mundo, isso já é realidade. Na Espanha, há chip nas cestas de lixo que ajudam os governos na coleta. No Brasil, é preciso definir as diretrizes e os objetivos. Temos uma parceria com o Centro de Operações da Prefeitura, que coleta informações como deslocamento da população, dos turistas e as mudanças que o clima causa nisso.

Luis Minoro diretor de Estratégia da TIM Brasil.

Reconhecimento facial

Quem também está olhando esse mercado é a Embratel. Segundo Mário Rachid, diretor executivo de Soluções Digitais da tele, será lançada neste ano uma solução integrada. Ele cita o exemplo das câmeras de segurança que podem fazer reconhecimento facial. Se esses equipamentos forem conectados a um banco de imagens, as pessoas poderão ser identificadas. Há ainda a monitoria de prédios à distância, com acompanhamento de consumo de água e luz e a capacidade de detectar fogo.

“As soluções já funcionam internamente. A cidade inteligente é um caminho sem volta. O Rio de Janeiro tem tudo para ser pioneiro nisso porque, com a Olimpíada, tem infraestrutura robusta. A crise pode atrapalhar a evolução dos projetos”, diz Rachid.

Após fazer um projeto piloto em Águas de São Pedro, em São Paulo, entre 2014 e 2015, a Vivo aperfeiçoou uma série de iniciativas: além de sensores em postes de luz, chips de monitoramento em rede elétrica e em empresas de água e esgoto. O objetivo é prever problemas e reduzir os gastos, diz Viviane Soares, diretora de produtos da Vivo. Com foco na redução das despesas, a companhia desenvolveu um sistema que rastreia, através das redes sociais, problemas como alagamentos, acidentes e falta de energia em tempo real.

Combinando dados com aplicativos e computação na nuvem, é possível reduzir o tempo de resposta das prefeituras. A conectividade é uma tendência. Hoje, há a contratação de serviço a serviço. É um passo a passo. Tudo vai depender do que a cidade vai querer

Viviane Soares diretora de produtos da Vivo.

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