Talvez Amsterdã, na Holanda, esteja levando sua reputação bike-friendly muito a sério, mas no próximo dia 24 de junho a cidade deve eleger um “prefeito da bicicleta”, figura que funcionará como uma espécie de embaixador-protetor do modal na cidade. O projeto, lançado por uma organização civil formada por arquitetos, designers urbanos e outros profissionais chamada Cycle Space, tem o objetivo de não só manter esse verdadeiro estilo de vida de Amsterdã, mas também de ajudar a exportá-lo mundo afora, elegendo nos próximos anos outros “prefeitos da bicicleta” em cidades tão diversas quanto São Paulo e Pequim. As informações são do site especializado em cidades, CityLab.
Segundo a Cycle Space, o prefeito será selecionado por um processo que mistura júri especializado e votação pública. Os candidatos terão de se inscrever até o dia 1.º de maio, por meio de um vídeo, explicando porque eles são ideais para o trabalho. Em seguida, uma votação pública começará pela internet e ficará aberta até 24 de junho, tendo seus resultados influenciados também pelo júri.
O projeto da Cycle Space surgiu de uma ideia semelhante em curso em Amsterdã desde 2014 e já copiada, segundo informações do jornal The Guardian, por Zurique, Paris e, mais recentemente, Londres: o “prefeito noturno” ou “prefeito da noite”. Na prática, a atuação da prefeita da noite de Amsterdã, Mirik Milan, que ajudou a anunciar o projeto do prefeito da bicicleta na última sexta-feira (22), tem sido relevante na liberação de novas licenças de funcionamento 24 horas para estabelecimentos e na mediação de conflitos causados por eventos noturnos. Não é pouco para uma cidade como Amsterdã, onde a vida noturna foi uma das principais atrações para os 5,2 milhões de turistas que visitaram o local em 2014.
Para quem pensa que a figura do “prefeito da bicicleta” é um exagero em Amsterdã, basta ler o recado que o co-fundador da Cycle Space Maud de Vries deu ao portal CityLab sobre porque o projeto é importante. “Nós realmente estamos à frente em Amsterdã, mas há uma tendência agora de se ver as bicicletas como um problema. As pessoas não veem mais a mágica do modal porque elas já estão acostumadas com ele. Vemos que as crianças não estão mais pedalando no centro da cidade, porque os adultos têm medo por elas. Enquanto isso, nos subúrbios, há várias pessoas que não têm esse histórico da bicicleta e tendem a levar suas crianças à escola de carro - e quando essas crianças estão crescidas, elas têm suas próprias motos, não bicicletas. Nós precisamos continuar promovendo a cultura da bicicleta, para mostrar que elas são maravilhosas”, disse Vries.
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