Um empreendedor finlandês e ciclista Martti Mela está por trás de uma ideia que pode ajudar Berlim a avançar algumas casas quando o assunto é ciclomobilidade. Ele apresentou um projeto para fazer uma superciclovia debaixo da linha U1 de metrô superfície da cidade alemã. A Radbahn (literalmente, “ciclovia” em alemão), ficaria isolada de outros tipos de veículo e cortaria o anel central de Berlim de leste-oeste, acompanhando a linha do metrô. Além disso, seria relativamente protegida da chuva e do sol, o que é outra vantagem. A primeira parte do estudo de viabilidade deve ser publicada no próximo dia 30 de julho. Atualmente, o Senado de Berlim, órgão similar às câmaras de vereadores brasileiras, parece ter abraçado a ideia, que está em tramitação na casa.
A ciclovia começa na estação de metrô do zoológico de Berlim, Zoologischer Garten, no lado oeste da cidade, e termina na ponte de Warschauer Strasse, no leste da cidade, totalizando quase 9 quilômetros de extensão. Entre especialistas e articulistas locais, o projeto vem sendo chamado também de “um pedaço de Copenhague em Berlim”, em referência à cidade dinamarquesa que vem sendo reconhecida há tempos como modelo de ciclomobilidade na Europa.
A ideia foi desenvolvida por Mela e outros arquitetos do escritório alemão David Chipperfield (veja algumas imagens do projeto). Como masi de 80% do trecho já é asfaltado, o investimento para configurar o caminho como uma via ciclável seria relativamente baixo. “Algumas parte precisariam de repavimentação mas a infraestrutura, a base, já foi feita. Com pequenas modificações, [o trecho] poderia ser convertido em ciclovia”, disse Mela ao site especializado em cidades CityLab . As maiores intervenções seriam a transformação de alguns pequenos trechos de escadas em rampas; o realinhamento de algumas áreas de estacionamento próximas; e a construção de uma pequena ponte sobre o Canal Landwehr.
Os trilhos da linha U1 de metrô de superfície tem 120 anos, o que faz dela parte da identidade de Berlim. Ao longo da ciclovia, a ideia é ainda instalar um serviço de compartilhamento de bicicletas, oficinas para atender quem usa o modal e até aproveitar alguns espaços para incentivar a implantação de hortas urbanas. Também podem ser agregados materiais inovadores, como uma pavimentação que gere energia e possa até mesmo ajudar a garantir a iluminação da própria via.
A aposta é de que o Senado de Berlim aprove a ideia, assim como a Stammbahn, uma cicloestrada que ligará Berlim a cidade de Potsdam. No momento, segundo Matthias Heskamp, um dos arquitetos envolvidos no projeto, a casa legislativa está discutindo se a cidade deve investir ou não, em um período de dois anos, 400 mil euros no estudo de viabilidade de possíveis rotas e ciclovias no território de Berlim, incluindo a Radbahn e a Stammbahn. Em paralelo, os idealizadores da Radbahn decidiram fazer um estudo de viabilidade para evidenciar o potencial do projeto e detalhar o impacto da ideia no espaço urbano. Alguns jornais falam que a expectativa é de que as obras da Radbahn comecem em 2018, mas o time que coordena o projeto afirmou que não há previsões nesse sentido.
O investimento em ciclovias dentro e entre cidades europeias não é algo novo. Como Futuro das Cidades já mostrou, hás apostas pesadas em ambas as abordagens em países como Noruega, que pretende construir dez cicloestradas, e França, com o plano ambicioso de Paris para ciclovias e a inauguração de um primeiro trecho no último mês de maio .