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Situado entre as ruas Hermes Fontes, Carmelo Rangel e Bruno Filgueira, o Parque Gomm inclui o bosque e a área verde no entorno –com exceção da Casa Gomm, que é do governo estadual. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Situado entre as ruas Hermes Fontes, Carmelo Rangel e Bruno Filgueira, o Parque Gomm inclui o bosque e a área verde no entorno –com exceção da Casa Gomm, que é do governo estadual.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O Bosque da Casa Gomm agora é Parque Gomm. Mais do que mudar de nome, a área deixa de correr risco de virar uma rua. O decreto, assinado pelo prefeito Gustavo Fruet (PDT), foi publicado em diário oficial na última sexta-feira (1.º). Três anos depois do início do movimento em defesa do local, que nasceu com o anúncio de que parte do bosque seria derrubado para dar lugar à continuação da Rua Hermes Fontes. A obra será custeada pelo Shopping Pátio Batel, como contrapartida do empreendimento ao impacto causado na região.

Situado entre as ruas Hermes Fontes, Carmelo Rangel e Bruno Filgueira, o Parque Gomm inclui o bosque e a área verde no entorno. A área onde fica a Casa Gomm, tombada pelo Conselho Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (Cepha), pertence ao estado do Paraná, e não integra o parque. Na prática, o decreto unifica seis terrenos diferentes que integram a área, todos do município. Mas um deles é o mais importante, na avaliação dos defensores do parque: a área entre as ruas Bruno Filgueira e Hermes Fontes, que hoje é prevista na legislação como uma futura rua. Assim que for desafetada, a área passa a integrar oficialmente o Parque Gomm.

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“Enquanto aquela matrícula existisse, a possibilidade de construirem uma rua ali continuava existindo”, explica o arquiteto e urbanista Geraldo Pougy, integrante do grupo “Salvemos o Bosque da Casa Gomm”. Nos últimos três anos, o grupo realizou uma série de eventos, como recreação infantil, apresentações musicais e a plantação de uma horta comunitária no local, dentro da lógica de “ocupação do espaço urbano”.

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As intervenções feitas pela comunidade no local devem permanecer, mesmo com a criação do parque, em um espaço que foi deixado como “livre” no projeto. O grupo considera uma vitória. O Gomm também será o primeiro “parque comunitário” da cidade, com administração compartilhada entre a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) e um comitê comunitário. A medida, prevista no Plano Diretor da cidade, já foi aplicada em duas praças da cidade. A “de bolso do ciclista”, no São Francisco, e a “do Tai Chi Chuan”, no Água Verde.

Para a prefeitura, a gestão compartilhada é um sinal do “processo de diálogo” que levou à criação do parque. No último sábado (2), o prefeito Gustavo Fruet foi pessoalmente ao local, para uma assinatura simbólica do decreto.

Geraldo Pougy, um dos defensores do bosque, acredita que houve boa vontade por parte do poder público desde que o debate sobre o uso do espaço acalorou publicamente. Ele credita que a demora entre o início do movimento (em 2013) e a assinatura do decreto (na última semana), seja devida à dinâmica da gestão municipal, que exige estudos de diversas áreas para a criação de uma nova área pública. O “Parque Gomm”, aliás, foi batizado desta forma por reivindicação dos moradores, mas o local é legalmente um “bosque de conservação”, por ter menos de 10 hectares.

Relembre

A polêmica do Gomm começou em junho de 2013, quando veio à público projeto que previa a derrubada de parte das árvores para uma obra viária. A Rua Hermes Fontes, que hoje é interrompida pelo Bosque, passaria pelo meio da área verde. A obra estava prevista no Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado entre o shopping Pátio Batel e a Prefeitura de Curitiba, como ação para mitigar os danos causados pelo empreendimento ao trânsito da região.

Pesou contra a orba o fato da Casa Gomm – residência centenária, instalada ao lado do bosque – ser tombada pelo Conselho Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (Cepha). A casa ficava no local onde hoje fica o shopping, e foi movida para o bosque ao fundo. Além da estrutura, o entorno da casa é tombada pelo Cepha. O tombamento motivou a Justiça a proibir o shopping de realizar qualquer intervenção no bosque, em julho de 2013.

Com as obras suspensas, um grupo de moradores organizar um movimento para “salvar” o bosque e realizar atividades culturais no local. Após negociação entre as partes interessadas, o shopping e prefeitura firmaram um aditivo ao TAC, em janeiro deste ano, em que a obra viária foi substituida pela criação de um parque.

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