A primeira ideia de bicicletas públicas surgiu em 1965, em Amsterdã. O vereador Luud Schimmelpennink propôs que a cidade adquirisse 20 mil bikes, todas pintadas de branco, e as deixasse espalhadas pela região central. Foi negado. O próprio Schmimelpennink e seus correligionários então pintaram e largaram na cidade 50 bicicletas, que foram apreendidas pela polícia, sob alegação de que incitariam o roubo.
Nos anos 1990 veio a segunda onda. Cambridge, na Inglaterra, foi uma das cidades a criar as “bibliotecas de bicicletas”. O usuário apresentava uma carteirinha e deixava um depósito em dinheiro. Um avanço em termos de segurança. Mas pouco usual em termos de mobilidade, já que o usuário devolvia a bicicleta no mesmo local em que a alugou.
Foi só neste século que a coisa deslanchou. Em 2001, o prefeito Bertrand Delanoë quis tornar Paris mais sustentável, e construiu 271 quilômetros de ciclovias. Não deu certo: ninguém tinha espaço para deixar bike em casa e muito menos coragem de deixar estacionada na rua, pelo risco de roubo. Seis anos depois, em 2007, nasce o Vélib’, considerado protótipo para o o modelo de aluguel de bicicletas adotado no mundo todo, segundo informações do relatório “Bike-share Planning Guide”, do Institute for Transportation & Development Policy (ITDP), de Nova York.
Foi o primeiro em escala. Começou com 7,5 mil bicicletas e 750 estações. Dobrou de tamanho no ano seguinte, com 16 mil bikes e 1,2 mil estações. Hoje são 20 mil e 1,8 mil, respectivamente, com operação em Paris e em 30 cidades do entorno. A distância média de uma estação a outra é de 300 metros. Também o Vélib’ adotou a tecnologia para fazer o desbloqueio, daí o sucesso.
O modelo inaugurado pelo Vélib’ segue os sete princípios instituidos pelo ITDP com fonte de sucesso para o aluguel de bicicletas. São eles: rede densa de estações, bicicletas confortáveis e chamativas (para desencorajar ladrões); sistema de cadeado automatizado (que permite ao usuário tirar e devolver as bicicletas com facilidade); rastremento móvel que identifica a trajetória da bicicleta e quem é o usuário com ela; monitoramento em tempo real das estações; informação em tempo real de bikes e vagas de devolução disponíveis para o usuário; e um modelo de precificação que incentiva viagens rápidas, com o maior número de viagens por bicicleta, por dia.