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Futuro das Cidades

Concorrente brasileira do Uber, T81 chega a Curitiba

 | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
(Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Com um olho nos motoristas comuns e outro nos taxistas, o aplicativo T81 começa a operar em Curitiba no próximo dia 9 de dezembro. A plataforma, brasileira, é a primeira concorrente do Uber a chegar à capital paranaense, que ainda não regulamentou o serviço. Além de abrir a plataforma para os táxis, o app aposta em uma política de preços diferenciada, sem a chamada “tarifa dinâmica”. Outra aposta é em oferecer um serviço de melhor qualidade.

Na categoria Pop, para carros convencionais, o T81 vai cobrar R$ 1,60 por quilômetro rodado, mais R$ 2 de bandeirada. Para os carros luxo, os valores sobem para R$ 1,99 e R$ 3, respectivamente. O cálculo é feito pelo próprio aplicativo, e o pagamento pode ser feito em cartão, no app, ou em dinheiro.

Em Curitiba, o Uber cobra R$ 1,12 por quilômetro e R$ 0,25 por minuto, mais taxa inicial de R$ 3. Só a categoria popular (UberX) opera na cidade. Já a bandeira um do táxi é de R$ 2,70 por quilômetro, mais R$ 5,40 de bandeirada.

Sócio-gestor do T81 em Curitiba, Bruno Pereira reconhece que os valores do T81 podem ficar um pouco acima daqueles cobrados pelo Uber, dependendo do trajeto. Uma corrida do Centro de Curitiba para o aeroporto ficou em R$ 33 com o app brasileiro, contra R$ 28 no Uber, segundo ele. Mas Pereira acredita que a ausência de uma tarifa dinâmica pode atrair o usuário. O Uber cobra mais em horários de muita demanda, o que pode encarecer a corrida.

Por outro lado, para não espantar os motoristas, o T81 cobra uma taxa menor. O app desconta 10% de cada corrida para os motoristas associados (que pagam uma taxa de R$ 100 ao ano). No UberX, a cobrança é de 25% por corrida. Os brasileiros ainda apostam em campanhas como uma realizada em Goiânia, de subsídio ao combustível. Os motoristas parceiros pagaram R$ 0,81 pelo litro de gasolina. O App subsidiou o valor restante.

“O aplicativo vem com uma ideia de não explorar nem o parceiro e nem o usuário”, defende o sócio-gestor do T81 em Curitiba, Bruno Pereira. O comentário é uma alfinetada no Uber, gigante do setor, acusado de “explorar” seus parceiros. Por outro lado, ele acredita que não é possível cobrar tarifas caras como as do táxi. E foi por isso mesmo que a plataforma se abriu para os taxistas.

“Em conversas informais a gente vê que o movimento deles caiu bastante à noite, porque a maioria que usa aplicativo são jovens, pessoal de cursinho, balada”, comenta Pereira. O app seria uma opção para devolver corridas para esses taxistas, mas com a condição de que eles paguem o valor estimado no aplicativo, e não com base no taxímetro.

A lei que regulamenta o serviço de táxi na cidade, no entanto, estabelece que a tarifa é “estabelecida pelo poder público e aferida por taxímetro” devidamente registrado no Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro). Procurada pela reportagem, a Urbs, que regula o transporte público em Curitiba, ainda não se pronunciou sobre o assunto.

O T81 estima que 1.500 motoristas já estão cadastrados na cidade. A meta é chegar a 5 mil. Além de Curitiba, o T81 já opera em Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Goiânia, Aracaju e Joinville. Pereira diz que a perspectiva para a capital paranaense é “muito boa “pelo perfil de ser um pessoal que usa muita tecnologia, ser uma cidade 24 horas”. No Brasil todo, são 50 mil usuários e mais de 35 mil motoritsas cadastrados, segundo informações do app.

Além do serviço de carros comuns e luxo, o aplicativo opera no segmento de motos. Em Curitiba deve ser ofertado o serviço de motofrete, embora ainda não haja condutores cadastrados. A cidade não permite o serviço de mototáxi.

Concorrência

Para o coordenador de pós-graduação da Universidade Positivo, Leandro Henrique de Souza, a tendência de é que a chegada de mais um concorrente tenha um impacto positivo no mercado curitibano. Ele cita o exemplo do Uber. Desde que o aplicativo chegou na cidade, em março deste ano, “muitos taxistas melhoraram muito o atendimento”. Por outro lado, o app oferta um serviço pior em Curitiba do que em São Paulo, onde há outros concorrentes, opina.

Mas brigar com alguém do tamanho do Uber não é tarefa fácil. “Primeiro porque é um ambiente um pouco mais complexo. Curitiba ainda não tem uma definição de qual caminho vai adotar, não tem legislação própria” para regular estes serviços, explica o professor.

Além disso, a empresa americana já tem um conhecimento de mercado que pode dificultar a vida dos seus concorrentes. O T81 ainda pode sofrer algum estigma por ser brasileiro, de usuários que desconfiam que o produto não consegue ser tão eficaz quanto um estrangeiro. Ao mesmo tempo, o app encampa a ideia de que ser nacional é algo positivo.

Regulamentação

Juridicamente, Curitiba ainda patina na regulação de serviços de transportes por meio de aplicativo. A primeira tentativa da Câmara Municipal foi de proibir o serviço, antes mesmo de ele anunciar interesse em operar na cidade. O projeto foi engavetado e em seu lugar foi aprovada uma lei que institui multa administrativa de R$ 1,7 mil para quem operar serviços de transporte individual por fora do táxi. Mas a medida carece de regulação, e atualmente a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) aplica apenas uma multa de R$ 83,15 aos motoristas Uber, com base no Código de Trânsito.

Em maio deste ano, 17 vereadores protocolaram projeto para regular o“sistema de transporte privado individual a partir de compartilhamento de veículos”, similar ao adotado em São Paulo. Mas o texto empacou na Comissão de Serviço Público, que em junho solicitou parecer à Urbs sobre a demanda pelo serviço. Mas ainda não houve resposta.

Responsável pela relatoria na comissão, o vereador Serginho do Posto (PSDB) pretende reapresentar o tema na próxima reunião, no dia 7 de dezembro, para fazer o projeto andar mesmo sem o parecer da Urbs. De qualquer forma, o regimento da Câmara estabelece que todos os projetos da atual legislatura devem ser engavetados no dia 31 de dezembro. É o que deve ocorrer com este, dos aplicativos, que podem voltar a tramitar em 2017, se forem reapresentados. Levantamento da Gazeta do Povo aponta que, dos 15 novatos eleitos, 12 são a favor da regulamentação.

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