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Detroit, cidade que declarou falência há três anos e já teve 40% de seus bairros no escuro, é exemplo de revitalização urbana. | Christopher Woodrich/Creative Commons/
Detroit, cidade que declarou falência há três anos e já teve 40% de seus bairros no escuro, é exemplo de revitalização urbana.| Foto: Christopher Woodrich/Creative Commons/

A uma vez radiante cidade de Detroit, que declarou falência há apenas três anos, promoveu, no mês passado, uma cerimônia que pode ter passado um tanto despercebida mas que simboliza uma reviravolta em sua história recente. Autoridades municipais e do estado, tanto democratas quanto republicanas, se juntaram para celebrar a instalação das últimas 65 mil luminárias públicas de um programa de investimentos que custou US$ 185 milhões e começou em fevereiro de 2014. Há pouco tempo, mais de 40% dos bairros da Detroit ficavam às escuras quando anoitecia, um resultado das décadas de declínio econômico e social.

A iluminação de todas as ruas da “Motown” – apelido carinhoso da cidade que tem origem na expressão “Motors Town” (ou cidade dos motores), em referência à indústria automobilística que impulsionou seu crescimento décadas atrás, e que também serviu de nome para a famosa gravadora fundada em 1959 – simboliza algo que está acontecendo em várias antigas “cidades de manufatura”: um despertar para o fato de que a decadência urbana não é uma realidade perpétua. A vida urbana pode ser brilhante novamente com a mistura certa de boas ideias e trabalho de equipe.

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E a tecnologia ajuda nisso. As novas luminárias de Detroit são de LED e deverão contribuir para uma economia de cerca de US$ 3 milhões ao ano. Um aplicativo para smartphones será o principal meio de contato dos moradores com o poder público para comunicar apagões ou falhas na rede elétrica. Além disso, a cidade tem se beneficiado da ajuda de grandes fundações, um novo prefeito visionário, e grandes companhias como a JPMorgan Chase que veem as cidades como o futuro.

Detroit perdeu muito da revitalização urbana que começou nos Estados Unidos nos anos 1970. Ainda assim, desde a falência declarada em 2013 – a maior na história das cidades norte-americanas – conseguiu recuperar o tempo perdido. A população da cidade pode até estar voltando a crescer depois de décadas de quedas. As autoridades esperam até transformar Detroit num centro avançado para veículos autônomos.

A cerimônia de iluminação pública é uma conquista significativa para a restauração da confiança entre os 688 mil residentes da cidade e seus líderes. Também simboliza a necessidade de a recuperação chegar a todos os moradores, especialmente aqueles dos bairros mais pobres, e não apenas à nata do centro descolado. As escolas da cidade ainda estão lutando apesar das várias tentativas de reforma.

A firme, ainda que difícil, retomada de Detroit poderia até mesmo servir de exemplo para Washington. Tanto republicanos quanto democratas no Congresso estão falando sobre um empurrão bipartidário para investir pesado na infraestrutura da nação e incentivar a inovação, especialmente em cidades deixadas para trás em razão de mudanças como a automação e as novas relações comerciais estabelecidas entre os países. Outras cidades pós-industriais como Pittsburgh e Boston são, certamente, modelos de revitalização urbana. Mas por ter saído do fundo do poço, a “Motor Town” é uma estrela à parte.

Tradução: Fabiane Ziolla Menezes
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