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futuro das cidades

Especialista holandesa vê Curitiba como laboratório de mobilidade no Brasil

Maya Van der Berg,pesquisadora na área de inovação e urbanismo do Instituto de Inovação da Universidade de Twente | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Maya Van der Berg,pesquisadora na área de inovação e urbanismo do Instituto de Inovação da Universidade de Twente (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

Mais que um meio de transporte, a bicicleta é um estilo de vida para os holandeses. Se por lá a mudança cultural em relação ao modal começou nos anos 1970 e hoje é vista como algo consolidado, por aqui está apenas engatinhando. E é para dar um empurrãozinho nesse sentido que a Holanda firmou uma parceria de cinco anos com Curitiba, ainda em setembro do ano passado. Nesta semana, o primeiro pesquisador , mestrando do Instituto de Inovação e Governança (IGS) da Universidade de Twente, na Holanda, chegou. Outros dois virão em maio. Nos próximos anos, a ideia é que prefeitura – especialmente a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) –, quatro universidades locais (UFPR, UTFPR, UP e PUCPR) e outros parceiros, como Copel e Fiep, troquem experiências para fazer da capital paranaense um laboratório de mobilidade no Brasil.

“Aqui [em Curitiba], as pessoas estão muito interessadas em aprender e implementar novas formas de transporte. Por outro lado, acredito que nós também aprenderemos muito, porque cada lugar traz consigo uma agenda de necessidades, de temas, ligados à mobilidade”, diz Maya van der berg, coordenadora de pesquisa do IGS.

Nos próximos meses, o primeiro projeto piloto deve começar a ser desenvolvido, com a ajuda de mestrandos da Universidade de Twente, no sentido de trazer um sistema de segurança e coleta de dados com foco nos ciclistas. “Nós já tínhamos essa ideia e, recentemente, conversando com os especialistas e empresários vindos da Holanda, nós descobrimos que eles têm o know-how que faltava para implementar algo assim, em termos de tecnologia e conhecimento técnico. E acredito que vai ser assim com muitas ideias (...) Os holandeses tem toda uma expertise, um histórico, e é algo que não caiu do céu. Desde os anos 1970 eles trabalham com a bicicleta como política pública e eu acredito que Curitiba vive esse momento, nos últimos três ou quatro anos, em que a ciclomobilidade é um tema que aparece com mais contundência”, conta Jorge Brand, o “Goura”, que faz parte da equipe de coordenação de mobilidade urbana da Setran.

Além de alertar motoristas, via iluminação, de que ciclistas se aproximam do cruzamento, o sistema piloto também deverá coletar dados, como quantos ciclistas passam por determinada região/cruzamento da cidade, que mais tarde vão orientar novos projetos. A parceria também deve trazer, na esteira dos projetos-pilotos, empresas holandesas das áreas de infraestrutura, design e tecnologia urbanas para a capital paranaense e o Brasil. “Trabalhar com o que chamamos de triple hélix [ ou tripla hélice: governos, entidades de ensino e empresas trabalhando em conjunto] é bastante comum dentro do conceito de smart cities, quase uma obrigação. Pesquisas independentes, sem a participação prática de técnicos e empresários, não funcionam mais”, ressalta Maya.

Embora algumas das medidas de mobilidade implantadas pela prefeitura de Curitiba ainda recebam críticas – principalmente as que envolvem redução de velocidade, como a Área Calma e as Vias Calmas – e os acidentes fatais com ciclistas ainda sejam uma realidade frequente, Brand acredita que a cidade tem avançado no que diz respeito à bicicleta como política pública. Não só estudantes das universidades poderão aproveitar do intercâmbio de conhecimento, mas também técnicos da Setran e outros órgãos da prefeitura de Curitiba, que poderão participar de cursos ministrados pelos especialistas e, se viabilizado recurso, fazer um curto intercâmbio para a Holanda e vivenciar a ciclomobilidade por lá. “Temos um corpo que aprendeu e ver a mobilidade na cidade a partir do fluxo do carro. De uma hora para outra não podemos exigir que eles tenham uma visão”, diz Brand.

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