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FUTURO DAS CIDADES

Infraestrutura ainda é desafio para carros elétricos nas cidades do Brasil

Prefeitura de Curitiba  tem  oito eletropostos, mas  eles servem, oficialmente, apenas a frota municipal | Aniele Nascimento/Aniele Nascimento
Prefeitura de Curitiba tem oito eletropostos, mas eles servem, oficialmente, apenas a frota municipal (Foto: Aniele Nascimento/Aniele Nascimento)

Realidade mundo afora, os veículos elétricos estão cada vez mais perto de se popularizar no Brasil. A isenção no imposto de importação concedida no ano passado e os editais recém-lançados para o início da operação de sistemas de car-sharing com carros totalmente elétricos em cidades como o Rio de Janeiro e Fortaleza devem estimular ainda mais quem ainda tinha dúvidas sobre as vantagens desses modelos sobre os com motores à combustão. Mas ainda falta no país uma regulamentação para vender essa energia e uma infraestrutura de abastecimento nas cidades.

Segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), o Brasil não tem mais do que 80 eletropostos. Levantamento divulgado pela montadora Nissan neste ano mostrou que o Japão já tem 40 mil pontos de recarga – quantidade superior a de postos de combustíveis convencionais. O estudo não ponderou, entretanto, que o volume de carros à combustão no Japão ainda é maior do que o de elétricos.

“Tudo ainda está muito incipiente aqui no Brasil. O sistema de cobrança do combustível para veículos elétricos, por exemplo, sequer foi contemplado. Depois que isso estiver resolvido, precisaremos de incentivos para a instalação dos eletropostos e para um mercado de consumo desses veículos”, analisou Ricardo Guggisberg, presidente executivo da ABVE.

Mais de 665 mil veículos elétricos já circulavam em ruas de todo o mundo no final de 2014, segundo levantamento da Agência Internacional da Energia. O estudo divulgado em 2015 também apontou a existência de 109 mil postos de recarga. Em outubro do ano passado, o governo federal reduziu a zero a alíquota que até então era de 35% para importação de um caro elétrico. A cidade de São Paulo também concedeu seus benefícios ao isentar esses veículos do rodízio e abrir mão da parte que lhe cabe no IPVA (50% do imposto). Analisando esse cenário, no último mês de abril, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fez um chamado de consulta pública com prazo até julho de 2017 para receber contribuições sobre o assunto.

A prefeitura de Curitiba, por exemplo, tem oito eletropostos. Mas sem amparo legal, essa energia não pode ser revendida. Hoje, os postos servem apenas a frota municipal. O shopping Pátio Batel tem um posto de recarga aberto ao público. Proprietários do modelo elétrico da BMW também tem um posto à disposição no Park Shopping Barigui, também sem qualquer cobrança pela energia.

Em Campinas, o projeto é da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). Para identificar o impacto energético desse mercado e a demanda dele em sua rede de distribuição, a distribuidora decidiu instalar postos públicos de recarga. Já há cinco deles em funcionamento e a previsão de outros 20 até o primeiro semestre de 2018. A recarga ali é gratuita.

“Na primeira fase, chegamos à conclusão que o país precisará gerar 1,6% mais energia se os carros elétricos atingirem 10% da frota até 2030. Agora, avaliamos o impacto na rede de distribuição para ver se os alimentadores atuais suportam esse novo cenário”, diz Danilo do Nascimento Leite, coordenador do programa de mobilidade elétrica da CPFL.

Car-sharing

Nos sistemas de compartilhamento, a operadora terá de instalar sua própria infraestrutura e cobrará a energia no preço da locação do veículo – modelo no qual a energia entra como insumo para prestação de serviço, segundo classificação da Aneel. O Rio de Janeiro espera colocar seu sistema de compartilhamento em operação até agosto. O consórcio vencedor deverá dispor de 100 veículos, 200 vagas exclusivas de estacionamento e 50 estações de recarga, com quatro pontos cada uma.

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